*Alexsandro Alves
Quando esse filme foi lançado, filmes baseados em super-heróis não eram motivos para grande alarde. O que diferenciou o filme de Richard Donner, e fez o público mais atencioso para a sua produção foi uma soma de fatores que antes apenas era direcionada a outros gêneros de filmes.
Primeiro, o investimento, cerca de U$ 55 milhões de dólares, um absurdo para a época, sobretudo se observamos que, em 1989, Tim Burton filmou seu “Batman” com cerca de U$ 35 milhões de dólares (valor já alto para qualquer gênero de filme); segundo, a escolha de atores, nada mais nada menos do que Gene Hackman e Marlon Brando integravam o elenco, e só a menção desses nomes já era um chamariz extraordinário para o sucesso de qualquer filme; terceiro, o cuidado com efeitos especiais. É certo que “Star Wars” já havia aberto caminho nesse ponto, mas esse Superman foi premiado com o Oscar de Melhores Efeitos Especiais.
Bem, e a história? Simplesmente é uma das mais cativantes idealizações do Superman em todos os tempos. O jovem Christopher Reeve encarna o Último Filho de Krypton com tanta naturalidade, que seu rosto viria a marcar para sempre a memória de quem falasse ou pensasse no super-herói.
O filme começa mostrando uma edição de “Action Comics”, a revista em que o Superman fez sua primeira aparição oficial, numa espécie de metalinguagem, o narrador nos fala, enquanto folheia e edição, que a cidade de Metrópolis é guardada por um homem que é símbolo da verdade e da justiça, semelhante àquelas matinês infantis.
Mas aí, entra uma música, um tema que se tornaria clássico e amado e reconhecido por qualquer um que já tenha assistido ao filme: O “Superman Theme” de John Williams, com certeza o mais famoso tema de super-herói de todos os tempos e mais conhecido do que os de “Star Wars” ou “Indiana Jones”. Ele começa com uma fanfarra de tubas wagnerianas e trompetes, então, após a repetição do tema principal, entram as cordas, que leva a emergência da orquestra completa, desenvolvendo sempre o tema inicial.
Christopher Reeve ficaria marcado para sempre nesse papel. Além de sua impressionante beleza e um sorriso que quebram qualquer resistência (e há?), ele soube diferenciar, enquanto ator, os dois papéis que interpretou. Seu Clark parece um gigante desajeitado, abobalhado mesmo, cheio de tiques e com uma voz cambaleante.
Porém, quando tira a roupa, abrindo a camisa de botão, mostrando o peitoral com aquele “S” enorme no meio! Ecce Homo! Superman! Há uma transfiguração. É de tal ordem a magia que ocorre, graças à técnica de um grande ator, que conseguimos separar os personagens. São diferentes. Nós acreditamos que um homem pode voar, mas não porque efeitos de cinema nos mostraram, mas porque Reeve acreditou antes.
A película contou com atores consagrados, como os já citados Gene Hackman e Marlon Brando e a excelente Margot Kinder. Todavia é Reeve que faz o filme ser lembrado, é dele a eternização maior desse filme na memória coletiva dos fãs de cinema e dos fãs do personagem.
O trabalho do diretor Richard Donner, que a despeito de muitas críticas que recebera, conseguiu ainda produzir um trabalho dentro de suas exigências – na continuação, os problemas de produção desse primeiro filme seriam escancarados –, é hoje um modelo de trabalho para filmes do gênero, sendo sempre lembrado seu protagonismo inicial e também sua visão inovadora, porque foi ele o primeiro que viu nos super-heróis a potencialidade de filmes não apenas para o público infantil, mas também para qualquer idade.