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80 anos da Rádio Educadora II

Colaborador de Navegos leva adiante sua pesquisa sobre a história do Rádio em Natal e faz descobertas que acrescenta novas informações que jaziam esquecidas.

*José Vanilson Julião

Assim como logo na primeira edição noticia sobre a primeira iniciativa de se implantar uma estação de rádio na capital potiguar o jornal “A Ordem” (14/7/1935), como também “A República”, veicula anúncios para comercialização de receptores.

Um dos anunciantes é o agente Sérgio Severo de Albuquerque Maranhão (Nova Friburgo/RJ, 6/1/1895 – Natal, 17/8/1970), filho do aeronauta macaibense Augusto Severo (11/1/1864 – 12/5/1902), morto na queda do balão Pax em Paris. A representação tinha sede na Avenida Tavares de Lira 19 (Ribeira). A propaganda se refere a dois modelos da holandesa Philips (isolada em meio às fábricas americanas).

Somente no número seguinte é que aparece publicidade do concorrente: a norte-americana RCA Victor (Rádio Corporation American). A “marca de fama mundial” tem como representante B. Lamas, parente de Carlos Lamas. E também localizada na Ribeira: Rua Doutor Barata, 229, telefone 159.

Severo, também representante da máquina de escrever Remington (fábrica americana que começou com fuzil), anuncia ininterruptamente. O agenciador rival após algumas edições. Inclusive promovendo “o maior invento do século! Rádio com televisão.” E aparelhos com “cérebro mágico.”

Após outra parada do concorrente e 105 inserções o “reclame” de Severo muda apenas de layout. Agora com ilustração para o lançamento de dois novos modelos da “maior indústria de rádios do mundo.”

A terceira marca aparece no número 127 do jornal católico pelo representante Sebastião Correia de Melo. É a vez do “Metrotone”, “a voz do mundo”, com o modelo “53” para 1936. 55 edições depois B. Lamas acirrar a busca pelos clientes em potencial, ressaltando “garantias e válvulas metálicas” do produto, coincidindo com a primeira interrupção do então mais ferrenho adversário.

Severo – segundo presidente do sindicato do comercio varejista – convidar um redator do vespertino para conhecer um novo lançamento: o “Navio do Éter”. A disputada fica mais apertada com a chegada do “rádio da voz de ouro”. Trata-se do quarto ator na guerra das marcas: “Atwater Kent”. Do representante Leandro & Companhia em tímido anúncio de uma coluna em três linhas.

A essa altura do campeonato B. Lamas sai de cena. Assume Carlos. O telefone continua o mesmo. Somente o número do endereço: 231-A. E o anúncio, agora, traz uma série de produtos manufaturados: bicicleta, motocicleta, fogões, máquina de costura, máquina de escrever, calculadora, pianos e vitrolas.

Severo reage com o faz quase tudo “Philimobile”: uma “usina de bolso”. – Aparelho ideal para fazendas, pois fornece, ao mesmo tempo, energia elétrica para dez lâmpadas de 25 velas, um receptor e carregar a bateria do automóvel.

Para esquentar o conflito comercial Carlos Lamas apresenta uma nova arma. A segunda marca do portfólio: “Emerson”. – O melhor rádio da atualidade para qualquer corrente, com “olho elétrico” e vendido direto da fábrica.

A batalha não tem trégua e continua no alvorecer de 1937. Severo surge com o Philips “Matador”. A última novidade com cinco válvulas para sintonizar ondas curtas e médias em correntes contínua, alternada ou bateria. Por apenas 1$000 conto de réis a vista ou a prazo.

Em março do mesmo ano mais um “player” entra no front dos anunciantes. A seção de eletricidade da empresa M. Martins & Companhia (Tavares de Lira 45) apresenta a “última palavra em rádios”, o “Airline”.

Parecia até tudo combinado. O entra e sai de anúncios. Como também as notinhas plantadas entre reportagens e notas de todo tipo.

Entretanto não ter fim as novidades estrangeiras. Em novembro entra no mercado em exposição temporária na Casa Wallig (Dr. Barata 236) o rádio “Pilot”. Pelo agente M. Moura & Companhia (Rua Chile). Com “som puro como cristal.”

Sérgio Severo também tem novidade. A segunda marca de receptor: o “afamado” “Harvey” (Modelo 1938), agora um americano.

Coincidentemente com as infrutíferas tentativas local de implantar uma estação em Natal os anúncios caem a menos de 40 por cento em 1938.

Porém o novo bem de consumo não durável está consolidado pela sintonia das emissoras do sul ao norte.

FONTES

A Ordem

Instituto José Maciel

Sindlojas/RN