*Alexsandro Alves
É uma das mais conhecidas aberturas de ópera, a de Guilherme Tell, de Rossini.
O mais interessante dessa abertura é que ela se parece com uma sinfonia: tem quatro partes. Mas diverge da sinfonia porque essas quatro partes são contínuas.
A ópera é a obra-prima de Rossini. Sua ação se passa na Suíça e conta a história do herói folclórico de mesmo nome que desafia o império austríaco dos Habsburgo, que dominava a Suíça.
Na ópera há dois núcleos dramáticos: o de Arnold e Mathilde, amoroso; e o de Guilherme Tell, político.
É uma ópera de grandes dificuldades cênicas e vocais, além de exigir quase quatro horas de encenação. Foi escrita originalmente em francês e é, em certos aspectos, um prenúncio do gênero grand opéra, sendo que alguns comentaristas a colocam já como uma das primeiras óperas desse gênero. Também há uma versão em italiano, mas na Itália ela sofreu alguma censura por, segundo os censores, glorificar um herói revolucionário. Além disso, na época da estreia, a Itália ainda estava sob jugo do Império Austro-húngaro e muitas produções foram canceladas de última hora. Algo parecido ocorreria também com Verdi em sua relação com a censura. Modernamente é representada na versão original em francês.
A ABERTURA
A abertura dessa ópera é muito conhecida e muito usada em desenhos animados!
É uma pequena sinfonia de quatro movimentos curtos que se interligam: Prelúdio (Amanhecer), Tempestade, A chamada das vacas e Cavalgada.
Também pode ser interpretada quase como um poema sinfônico sobre a vida rural nos alpes suíços.
A primeira seção (iniciando no vídeo abaixo em 00:01), Prelúdio (Amanhecer), é uma peça para cinco violoncelos no formato ABA, marcada Andante, com algumas quase inaudíveis pancadas nos tímpanos, um prenúncio da parte seguinte, Tempestade. Essa segunda seção (no vídeo iniciada em 02:49), marcada Allegro, se inicia com semicolcheias farfalhantes e saltitantes acordes nas flautas, pícolo, oboé, clarinete e fagote, todos em pianissimo, o que acaba gerando uma estranha sensação de urgência cada vez mais crescente até que, toda a orquestra, liderada agora pelos metais, executa a tempestade! Aos poucos, os instrumentos da orquestra se calam, à medida que a tempestade vai cessando; e temos um novo Andante: é A chamada das vacas (no vídeo iniciada em 05:45), uma cena pastoral com vacas deitadas no pasto, tomando água no cacimbão e caminhando despreocupadas, numa grande tranquilidade. Ouvimos, na percussão, o triângulo, como os sinos nos pescoços das vacas. Elas estão mesmo muito calmas. De repente (no vídeo iniciado em 08:20), um novo Allegro, desta vez, Allegro vivace: trompetes acenam para uma cavalgada! E toda a orquestra os acompanha, concluindo essa abertura maravilhosa.
No vídeo abaixo, Christian Thielemann e a orquestra Staatskapelle Dresden.