*Alexsandro Alves
Este é o terceiro, de três artigos sobre Álvaro Dias, denominados em seu conjunto: A Trilogia da Avareza.
Natal vive avaros dias. Uma Cracolândia se forma sob o olhar impassível do prefeito Álvaro Dias; este, em um ato de desrespeito contra nossa subjetividade e religiosidade, esquece a Padroeira da cidade em uma obra em que Ela deveria, obrigatoriamente, ser reverenciada. Agora, como se não bastasse, Dias ataca uma outra parte da vida natalense: a nossa literatura, que passa mal.
A vida material, a vida subjetiva e agora a vida intelectual da cidade.
Álvaro Dias é um imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Não é uma tristeza?
Quantas vezes, nos últimos anos, no mínimo, esta instituição teve a oportunidade de se renovar com gente, de fato, escritora? Ao mínimo duas; mas aí vieram a senhora Isaura Rosado e o senhor Álvaro Dias.
A impressão que temos é que a Academia Norte-rio-grandense de Letras é mais um clube de gente rica preguiçosa, daquela espécie que vive o ano à espera do Carnatal. Hoje, ela virou símbolo da putrefação intelectual e do desserviço à literatura aos quais se prestam o Rio Grande do Norte.
Não se pode levar a sério uma instituição assim. E Álvaro Dias sabe. Diógenes da Cunha Lima sabe. Isaura Rosado sabe. Você, leitor, sabe! Todos sabem. E apenas esta voz denuncia o descalabro? Com Álvaro Dias, a ANRL prova que é um lugar de gente incapaz para o ofício da literatura, porém é gente endinheirada. Entra quem paga. E o prefeito pagou nada mais nada menos do que R$ 200 mil pelo seu ingresso. E quem sabe o que pagará ainda. Todavia está em meio aos seus. Da elite preguiçosa e literariamente obsoleta do município que indulgentemente parasita a si mesma e ao poder público: devem olhar para o deslumbrado e pensar nas reformas estruturais que o prédio da academia precisa. Ele sabe. Mas esse é o estilo de vida da nossa elite parasita.
A vida intelectual está aquém do dinheiro. Não que rico não possa ser intelectual. Mas não é uma relação sine qua non. O que temos na ANRL é a literatura da etiqueta das lojas do terceiro piso do Midway e do Natal Shopping, do laquê no cabelo, das conversas inúteis sobre viagens a Paris. Uma fogueira de vaidosos fúteis habituados ao charlatanismo nas letras. Quem é escritor de fato, na atual conjetura da Academia, sente ojeriza da Cracolândia literária que habita seus corredores na contemporaneidade: gente viciada no entorpecimento do luxo. Riqueza também entorpece o espírito.
Com não se envergonham? Tratam com promiscuidade a instituição que deveria ser símbolo da vida literária do potiguar. Os políticos e a elite econômica destruíram a ANRL. Pague e entre! Ali há tudo, menos literatura. É nesse atual estado de coisas que Álvaro Dias é o príncipe e Isaura Rosado é a princesa de nossas letras!
Álvaro Dias colocou a ANRL no fundo poço. Ou talvez, apenas desnudou o que todos já viam: as novas roupas do imperador! Porém agora não se pode mais disfarçar: a literatura da ANRL está nua! E não há roupa capaz de encobrir tanta vergonha.