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A Avenida Paulista natalense

A Avenida Presidente Prudente de Morais, a Paulista natalense, na visão de Jota Epifânio e lugar de saudosas confraternizações para o fundador de Navegos.

*Franklin Jorge

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A Avenida Presidente Prudente de Morais terminava pouco depois da Avenida Alexandrino de Alencar, um lugar que se ia tornando ermo, até que surgiu o Conjunto Candelária, nas fronteiras do Fim do Mundo.

Lembro-a ainda não populosa ou edificada. Edifícios, nenhum, por muito tempo.

Para mim a avenida terminava na Alexandrino.

Trabalhando, anos depois, na Tribuna do Norte, quando o sempre sorridente e apressado Jota Epifânio passava aos pulos pela redação, conversávamos e ele me dizia de seu desencanto com o futuro de Natal, cidade que lhe parecia fadada ao provincianismo, ainda que viesse a se transformar em uma estação espacial e interplanetária, estaria sempre enamorada das pequenezas. Natal não tem economia nem se sustenta sem o apoio do Estado. Somos uma cidade de barnabés, isto é, de funcionários públicos. Nossa elite econômica e empresarial tem vínculos com o Estado e o Munícipio. Porém, quando se referia à Avenida Prudente de Morais, não escondia o seu entusiasmo. Será a nossa Avenida Paulista. Você verá essa avenida, de ponta a ponta, tomada por grandes lojas e agências bancárias.  Você verá. A Prudente de Morais será a nossa Avenida Paulista. Lembre-se disto.

Nunca pensei que moraria, por quase uma década, na Vila dos Espanhóis, à Avenida Presidente Prudente de Morais, Tirol, um endereço emblemático de Natal, habitado por alguns artistas como Carlos José Marques, Eduardo Pinto, Erasmo Costa Andrade, entre outros notáveis.

No jardim interno que eu via de minha cama, enterrei sete gatos que morreram de velhice, doenças e atropelamentos. Nessa casa-chalé, recebi alguns amigos e às quartas-feiras, em café improvisado por amigos que traziam o que comer e me delegavam o privilégio de preparar o café para essa confraria cheia de graça.

Os cafés surpresa de Camilo e Anna Maria, que me chegavam com queijos, pães, bolos, doces e chocolates. Agora, o café é com o dono da casa…

Camilo dizia sentir-se bem nessa casa onde fui feliz e doeu-me deixá-la.

Aqui me sinto bem, pois sinto que em vez de uma casa você tem um lar. Dos meus amigos solteiros, você é o único que tem um Lar.

Camilo se sente bem aqui, acrescentava Anna Maria passando a pasta de enchovas defumadas no pão com que agradava ao meu paladar.