Franklin Jorge
O antigo Teatrinho do Povo, criado pelo prefeito Djalma Maranhão, já nasceu desafortunado. Não era um teatro. Era um teatrinho. No comunismo há essas paradas: a cultura precisa ser pobre e atrofiada. Quanto mais aviltada, mais socialista.
A começar pelo espaço físico, nada ali comporta uma sala de espetáculos; a meu ver, podendo funcionar em horário comercial, daria uma pequena e aconchegante biblioteca, que podia especializar-se em livros sobre a nossa terra. Um endereço renomado de uma especialidade que o secretário de entretenimentos, se fosse atilado, procuraria aproveitar ao máximo – no caso de não ser mesquinho. Lacrau Jr é mesquinho. Não tem, da Cultura genuína, a generosidade e a boa-fé. Tira os outros por si.
Podia ser uma Gibiteca, uma biblioteca especializada em livros de teatro ou de só livros de poesia. Não devemos esquecer que os primeiros passos do movimento de Quadrinhos foram dados no bairro do Alecrim. Sempre é bom preservar a história para os que hão de vir.
Ali jamais será um teatro. Seria necessário demolir 0 entorno e dar-lhe a dignidade do Teatro que o Alecrim merece. O belo prédio da Escola Celestino Pimentel podia se transformar em uma biblioteca pública. O problemático Teatrinho do Povo, depois Teatrinho Sandoval Wanderley, nunca deu certo. Outro é o seu destino. Contribuir para humanizar o sofrido bairro do Alecrim. Um jardim privado dos frequentadores da Biblioteca Professor Celestino Pimentel.
Um prefeito antenado com as demandas da cidade, fará de Natal um endereço cultural por excelência. Temos grandes artistas de mérito e maus gestores. Este, o grande problema, prefeitos!
Fundador e Diretor Editorial de Navegos, Franklin Jorge é autor dos livros “Ficções Fricções Africções” (Mares do Sul; 62 págs.; 1999), “O Spleen de Natal” (Edufrn; 300 págs.; 2001), “O Livro dos Afiguraves” (FeedBack; 167 págs.; 2015), dentre outros