*Renato Cunha Lima Filho
O poder da caneta existe enquanto houver tinta e dependendo de quem assina podemos ter mais ou menos poder, como também a depender do que se escreve, pode valer muito ou não valer nada.
Ninguém consegue se expressar livre senão aprisionado as palavras, necessidade que não tem os pássaros que voam.
Os poetas, compositores e escritores são os mais livres dentre os aprisionados as palavras, eles podem sonhar, podem tudo a depender do tamanho d’alma.
Os apaixonados, os indignados, os revoltados são os segundos mais livres dentre os aprisionados as palavras, pois são fiéis aos seus sentimentos genuínos.
Os cientistas, os advogados, os juristas, os pareceristas, os consultores vem logo em seguida, além de aprisionados as palavras, então subordinados a regras, normas, razões e lógicas.
O problema vem quando além de aprisionado as palavras para expressar, o indivíduo é refém de ideologias, de interesses, de ordens alheias, como são os políticos, os jornalistas e os comentaristas.
Pior ainda quando a caneta é prostituída, quando o portador da caneta usa suas tintas de forma venal em troca de outro interesse que não seja fruto de boa fé e das boas intenções.
Na sociedade de hoje, o quem mais se encontra é gente bancando as tintas de canetas alheias, sobretudo na imprensa, a cada dia mais venal e decrépita.
Não há hoje uma imprensa livre de ideologias, de interesses políticos, de interesses econômicos e pior, praticamente nenhum compromisso com a boa notícia, com o mínimo de respeito com a verdade.
O que nos deixa com o seguinte dilema: Quem não ler jornais fica desinformado e quem ler fica mal informado.
Por isso talvez o meu desejo de ser um pássaro, talvez um água para enxergar longe, sem a necessidade de palavras para descrever meus sentimentos e identificar meus inimigos e presas.
Assim esperto, como quem fica com um olho no peixe e outro no gato, vendo além nas entrelinhas, buscando longe o que motiva e onde querem ir quem tanto se esforça em me enganar, com suas canetas de muitas tintas.
