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A César o que é de César

Espectador privilegiado que não se omite, Diretor Editorial de Navegos discorre sobre escolhas equivocadas que reduzem a cultura oficial do RN a um eterno poço sem fundo

Franklin Jorge

Antigamente delatei o pauperismo de nossa cultura oficial. Achavam-me pedante porque guiava-me por uma exigência de qualidade. A qualidade é fruto da exigência.  Não cai do céu nem acompanha o cargo.

Os mais velhos lembrarão que escrevi repetidas vezes sobre esse velho tema, sempre desacreditando da boa vontade dos governos, mantenho-me alerta aos revoluteios do oficialismo.

Da cultura de Natal, onde nada acontece que produza frutos benfazejos, que nos faça reconhecidos em nichos que o inepto secretário de entretenimento relega ao futuro infinito. Aqui, meus senhores, somos um deserto de ideias. Somos um deserto de ideias e, como professava Nietzsche, não plantei desertos! Não planeie desertos ou eles te devorarão.

Natal vive uma profunda crise de ideias. Ainda vivemos sob os eflúvios do beletrismo, da cultura vilipendiada por maus e ineptos gestores e da contracultura dos anos 1970.

Imaginem Isaura Rosado, septuagenária que fez, furtando ideias alheias e desfrutando da cultura, como Dácio Galvão, no âmbito da Prefeitura de Natal. O dinástico senhor da Capitania! Não sei do que será o futuro do Rio Grande do Norte, de infortúnios a calamidades, como a desgovernadora Fatão no momento de plantão, peste que devastará as cinzas do elefante.

Nosso futuro não augura nenhum bem. Socorra-nos, São Miguel!

Contabilize-se às ações desse desgoverno petista que assola a terra de Poti os episódios burlescos, risíveis, que nos deixam indignados os potiguares decentes. O RN não merecia que por imprevidência de muitos caíssemos nessa calamidade. Uma das bestas do Apocalipse que deixará o estado estertorando na sarjeta.

Fatão é fatalidade. O povo do RN precisa purgar suas culpas. Votar por emoção em quem não presta.

Em 50 anos, nada mudou. Sempre tivermos o pior ocupando a gestão cultural. Gente despreparada como Gileno Guanabara que os artistas chamavam de Lagartixa Albina; Rejane Cardoso Serejo (que dormia o expediente inteiro trancada em seu gabinete); Dácio Galvão e Isaura  Rosado; Amaury Junior, empresário que se beneficiou de conhecimentos privilegiados para fazer a sua empresa lucrar. Todas essas ‘incelenças’ controlam a cultura há 40 anos.

Estamos cansados disto, senhores prefeitos e demais autoridades.

Reinventamos nosso direito a Natal e ao RN.

A César o que é de César.

Diretor Editorial de Navegos, Franklin Jorge é autor dos livros “Ficções Fricções Africções” (Mares do Sul; 62 págs.; 1999), “O Spleen de Natal” (Edufrn; 300 págs.; 2001), “O Livro dos Afiguraves” (FeedBack; 167 págs.; 2015), dentre outros.

Ilustração: Ana Matsuaki