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A cidade dos buracos, lixões e esgotos a céu aberto

Esquecida por governantes e legisladores, a capital do Rio Grande do Norte, apesar de ser um famoso endereço turístico, ostenta calçadas esburacadas e lama em avenidas de referência, como a Rio Branco e a Prudente de Morais.

*Franklin Jorge

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Em 1980, alguns poucos anos antes de sua morte, o grande escritor Jorge Luís Borges deplorava o estado de penúria das calçadas de Buenos Ayres, dando-nos, assim, como exemplo, o descaso e desrespeito para com o povo argentino como provas de um governo corrupto. Ruas e praças seriam os sintomas dessa prática que dificultava a caminhada sobre a via pública esburacada e desnivelada, para ele o mais baixo nível da desordem, tal como se observa atualmente, em Natal, cidade refém de maus prefeitos ou de prefeitos que se limitam a executar obras de fachada e promover festas em detrimento de nossas reais necessidades.

Há pouco vimos o prefeito Álvaro dias dispender recursos públicos para exaltar a memória de um corrupto e beneficiar o bar de Zé Reeira, apropriando-se e privatizando a vida pública em troca de votos, fato que passou despercebido pelo Tribunal Eleitoral e Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, duas instituições ineptas e desacreditadas que fecham os olhos e pecam por omissão para não aborrecer o senhor alcaide.

Nem mesmo sob o governo da doidivanas Micarla de Souza, que derrubou a árvore mais que centenária, símbolo da cidade, a cidade sofreu com tamanho abandono de suas ruas, em sua maioria mal-conservadas ou, para ser mais claro, sem nenhuma manutenção ou cuidados; descuido que põe em risco a integridade dos cidadãos, sujeitos a quedas e acidentes, em especial aqueles que tem alguma dificuldade motora, entre os quais me incluo com pesar. Cidade Satélite, conjunto residencial de classe média, é avassalada por lixões e calçadas quebradas ou desniveladas. Imaginem os bairros mais periféricos como se encontram.

Observe-se que à medida em que a população envelhece a olhos vistos nenhuma política pública tem sido discutida ou implementada a seu favor e parte dessa responsabilidade cabe também – ou sobretudo -aos senhores vereadores que parecem alienados dessa realidade que se agrava à medida que passam os anos e nos afeta a todos e, em participar, aos idosos e seus familiares, pois a passagem do tempo nos torna cada vez mais vulneráveis e sujeitos a acidentes. Sentimo-nos todos prejudicados pela incúria dos governantes e legisladores que só pensam em lavar a burra às custas do erário.

O prefeito Álvaro Dias, que se destaca por seu espírito festeiro e oportunista, devia controlar mais sua índoles dionisíaca e momesca, detendo-se com atenção diante dos desafios que fazem parte de suas responsabilidades corriqueiras, fosse ele um governante sério e não um mero promotor de eventos que aqui chegou puxando uma cachorrinha e agora manda na cidade com a arrogância dissimulada de alguém que fez gordo pé-de-meia, não com a medicina, mas com a política suja e corruptora.