*Antenor Laurentino Ramos
Não posso esquecer Paris! Não é uma cidade bonita como o Rio de Janeiro, muito longe disso! Nem gigante como São Paulo, de um gigantismo que faz medo a quem nele habita ou visita. Paris tem alguma coisa de diferente que supera essas duas metrópoles brasileiras. Eu diria, um charme. É isso mesmo, Paris não é bonita, mas é encantadora. Quem lá vai, quer voltar. Fica apaixonado por ela.
Não sei se Hemingway tinha razão ao dizer que paris é uma festa, mas nela, algo há que nos festeja o espírito. É um lugar para encher os olhos.
Ali existe de tudo: história, lazer, arte, boemia, natureza (e é a cidade mais verde do mundo) e povo. Ir á Europa e não conhecer Londres ou Paris, não se fez nada; é perder o que se tem de melhor para conhecer no Velho Continente.
A tecnologia, o ultramoderno ali se expandem e não se confrontam com o antigo. Um não exclui o outro. Paris mantém, em seu desenho, um ar de permanência, embora o tempo passe.
Se fosse dado a alguém ressuscitar em Paris, esse mesmo alguém reconheceria de imediato, a rua onde morou, talvez até a casa em que habitava. A formosa Capital conseguiu conciliar o velho e o novo. Ao contrário de nossas cidades brasileiras, onde, regra geral, se sacrificam prédios e monumentos de preciosidade histórica em nome de um maléfico e pretensioso modernismo, na França, tudo continua como dantes, e no entanto, tudo o que é de primeira geração ali está, ao alcance de seu habitante ou dos que a ela venham.
Andar pelas ruas de Paris é o que existe de mais prazeroso. Boulevar na Michel, o “Boule-miche”, Rua Saint-Jacques, o Quartier Latin onde bares, restaurantes, livrarias e casas de espetáculos se misturam. É ali que se encontram a Sorbonne, a célebre universidade do mundo. Montmartre, que, de dia, tem um comércio movimento e de noite, um outro tipo de comércio, o da carne e do prazer com Pigalle á disposição de quem quer que seja, e coroando a atmosfera pagã dessas celebrações, os belíssimos e divertidos shows que nos oferecem o Moulin Rouge e o Follie Bergére, com o histórico e tradicional French-Cancan ou o Lido. Ainda há para os cultores da boa música francesa o Olimpia. Foi lá que assisti ao cantor Salvatore Adamo interpretar belas canções como Tombe la Nerge e C´est moi vie que muito sucesso fizeram no mundo inteiro. É coisa para ninguém esquecer! Paris é múltipla. Até para o turista pouco exigente há opções. Pode se comer em restaurantes self-service (lá se diz Libre-service) por um bom preço ou tomar um bom vinho, ao ar livre, na calçada de um café-bar no bairro do Marais.
Seria um nunca acabar, para falar de Paris! Ela é, por todos os motivos, merecidamente, chamada de encantadora, pois o fascínio que exerce sobre as pessoas é único. Não faria como o escritor Eça de Queirós, com o seu antiamericanismo extremado, que dizia haver mais civilização num beco de Paris do que em Nova York inteira, mas, temos, sem dúvida, o direito de afirmar que, enquanto existir a Capital da França, com toda sua grandeza material e espiritual, não só será isso bom para esse admirável país, mas também para o mundo inteiro. Queira Deus assim continue.