*Franklin Jorge
A Cultura no Brasil se tornou “terra de ninguém!”, apropriada que foi por uma horda de militantes ideológicos que quer a todo custo aforar em seus interesses alguma coisa a mais do que sete palmos.
Nunca se viu tantos escritores, artistas, poetas, atores, cineastas, documentaristas ad infinitum, puxando a sardinha para a sua brasa, em demérito do verdadeiro talento que, numa situação dessas, vê-se obrigado, como diria o grande mestre Thomas Mann, Prêmio Nobel alemão antes dos 30 anos: “os verdadeiros talentos se afastam do cenário confuso”.
De fato, a confusão aqui é geral. Decorre, no caso específico da Cultura, do desapreço ao mérito e ao talento, a ponto de uma fulana ser admitida em uma academia de letras por ser oriunda, remotamente, de uma nação indígena! Para essa gente que ergue em bandos, não importa saber se a nova imortal da importante academia de Letras de Campos de Goitacazes é mesmo uma escritora, mas a circunstância de ser considerada uma minoria em um país repleto de minorias, como os emigrantes alemães, poloneses, japoneses, sírios, libaneses, para citar apenas algumas dessas etnias.
Finalmente, após a morte do grande escritor José Cândido de Carvalho, autor de um clássico da nossa literatura, O coronel e o lobisomem, a província fluminense volta a ser falada e a ter um lugar nas Letras nacionais, após o seu lançamento em 1964, um ano auspicioso para a Cultura Brasileira, quando o mérito passou a ser reconhecido e aplaudido como tal, ou seja, sem interveniências partidárias e pressão ideológica. Foi a partir dessa época que os grandes talentos deram o ar de sua graça, com o renascimento do teatro, da literatura e das artes visuais.
