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A decadência das nossas letras

Fundador de Navegos traça perfil da Academia Norte-riograndense de Letras e conclui que se trata de um mostruário de vaidades mal-resolvidas. Já se disse que nada é mais passível de inveja do que o talento. O próprio Baudelaire, que a sentiu na própria pele, resumiu tudo, ao defini-la como o açoite mais cruel.

*Franklin Jorge

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No RN a cultura aviltou-se, de geração a geração, gerando esse vácuo de ideias que alimenta e reveste a mediocridade que se tornou normal e corriqueira. Tiremos nossa Academia de Letras como exemplo, instituição que já teve entre os seus escritores e estilistas como Edgar Barbosa, o maior deles; Nilo Pereira; Américo de Oliveira Costa; Newton Navarro; Luís da Câmara Cascudo; Peregrino Junior; Aluízio Alves; Manoel Rodrigues de Melo, e hoje flutua sob o peso de mediocridades endinheiradas e reluzentes, como o seu presidente vitalício Diógenes da Cunha Lima; Manoel Onofre Lopes, que nos passa a ideia de ter engolido uma carnaúba sem degluti-la; o saltitante Roberto Lima; Valério Mesquita; Vicente Serejo, dentre outras ninguidades que valem, no círculo das letras ,o mesmo que o esterco dos gatos

Raras, raríssimas as exceções que conformam a regra e constituem exceções honrosas que represento na pessoa de Iaperi Araújo, em penitência pelos muitos anos em que o exclui de meu circulo que é muito reduzido, mas hipercriticamente selecionado, pois creio que a raridade é sempre rara e nisto reside o seu mérito. O céu das artes não é para quem o quer, mas para quem tem talento e mérito, o que não depende de posições nem dinheiro. No caso da nossa Academia, seus verdadeiros escritores se contariam pelos dedos de uma mão  a que faltassem um ou dois dedos.

Pastoril de nulidades multicolores, envolta solenemente em capelos, ao depara-los mal consigo reprimir um frouxo de riso.