*Franklin Jorge
Soube há tempos que a ex-secretária extraordinária de cultura cultiva a vaidade de entrar para a história, não propriamente como escritora, apesar dos livros publicados sob seu nome, mas como bambambam da gestão pública. Em sua singeleza, não reivindica estar à sombra do panteão dos grandes escritores, talvez porque lhe coce a consciência saber quer não escreve os livros produzidos por ghost-whriters contratados por ela. Quer tão somente ser reconhecida e consagrada como alguém que se destacou, por seu tirocínio e capacidade de realizar grandes feitos, como gestora. Daí o seu afã de muito fazer sem os freios que decorrem do bom senso e do que é feito com critério e responsabilidade. Gestora, portanto, de instituições públicas, pois em sã consciência ninguém, sabendo de sua falta de critério, lhe daria o controle de instituições privadas.
Seu pulo do gato foi uma faculdade privada que teria montado em Mossoró; passaporte para voos de Isaura na capital do estado. Empreendimento gorado ,através do qual a intimorata filha de Dix-sept teria se mostrado apta, camonicamente apta a cruzar o mar português e o Bojador, para infortúnio de nossa cultura. Aqui seu delírio encontrou respaldo na gestão da prefeita Wilma Maia – depois governadora – que acreditou em sua lábia rosadista e entregou-lhe a chave da cultura provinciana.
Não apenas como gestora de cultura, como escritora é uma falácia. Não escreve nada. Antes pagado para que escrevam em seu nome. Sem pejo nem acanhamento, embora seu segredo seja o que as pessoas costumam chamar de “segredo de Polichinelo”, algo sabido por todos. Em Natal e em Mossoró, todos sabem que ela só escreve em talões cheques e Ordem de Pagamento e, aí, poder-se-ia enquadrar como uma estilista. Ninguém, no âmbito da cultura local desperdiçou mais recursos públicos do que ela. Como na compra daquelas bicicletas fabricadas em fundo de quintal, que seriam usadas como bibliotecas rodantes na zona rural da Grande Natal e acabaram saindo de linha dois ou três meses depois, ou seus usuários se debilitariam por excesso de esforço físico. Mais que bicicletas, por sua má qualidade eram instrumentos de tortura e, em sendo assim, o tiro lhe saiu pela culatra.
Apesar de não escrever nada, publicou sob o seu nome em edições dispendiosas que não chegaram às bibliotecas do estado, aliás inexistentes ou caindo aos pedaços pois nenhuma delas mereceu a atenção de suas midiáticas gestões. Foram usados apenas para a autopromoção da pseudo-escritora, dados como presentes a quem desejava impressionar como realizadora capaz e benfeitora da cultura.
Não sei o que se poderia dizer a seu favor no âmbito nesse âmbito, onde teve ingerência tão danosa e quando não ridícula, profundamente ridícula, em seu melhor aspecto, se desejamos posar de complacentes. No fundo, todas as suas incursões na gerência da cultura potiguar não passaram de piadas chocas das quais riríamos, forçosamente riríamos para não desacreditar sua mórbida autoconfiança.
De fato, não lhe caberia entrar para a nossa história cultural como escritora. Já que todos sabemos, desde a pessoa mais parva ou desinformada, a espécie de escritora que el, na verdade: uma discípula de Diógenes da Cunha Lima, que também tem o vezo de delegar a terceiros a autoria de obras que pretende fazer passar como frutos de sua lavra.