*Alexsandro Alves
A balança comercial brasileira, com a força do agronegócio, vem renovando recordes e já acumula um superávit de cerca de US$ 62,4 bilhões até o mês de agosto. O valor representa um salto de 43% ante o ano anterior.
Especialistas, diante deste cenário, estimam que o saldo entre as vendas externas e as compras internacionais possa superar US$ 90 bilhões até o fim do ano, o maior desde o início da série histórica, iniciada em 1989.
Entre os produtos de maior destaque estão a soja, o milho e a celulose – todos apresentaram força na pauta de exportações, reforçando o perfil do país como um grande fornecedor global de commodities.
A “melhora” deste ano, ainda segundo especialistas, decorre principalmente do aumento do volume exportado, não de uma elevação dos preços. A queda nas importações também ajuda a explicar os superávits. No ano, as exportações somaram US$ 224,578 bilhões, estáveis em relação a igual período do ano passado. Já as importações recuaram 10,4%, para US$ 162,168 bilhões.
Outros fatores que contribuíram para a realocação do Brasil no mercado mundial, estão relacionados com a reorganização das cadeias globais de produção após choques como a guerra na Ucrânia e as relações conturbadas entre os EUA e a China.
“A alta (das exportações) está mais associada ao volume, resultado de uma safra recorde de soja e milho safrinha, além de um desempenho bom da indústria extrativa, com as exportações de petróleo”, destacou Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco.
Por mais que o país apresente tais indicadores positivos, para a professora do MBA em gestão de comércio exterior da Fundação Getúlio Vargas, Monica Romero Marinho, o Brasil ainda precisa de uma renovação em seu setor industrial, em especial em um momento em que o mundo está reorganizando as cadeias globais de valor.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a AEB, formou uma coalizão empresarial para, em conjunto com o governo brasileiro, renovar o parque industrial.