*Alexsandro Alves
Em 1985, a DC Comics, editora de quadrinhos estadunidense, lançou a maxissérie em 12 edições mensais Crise nas Infinitas Terras.
O universo de super-heróis da editora era maravilhosamente confuso, em que várias versões do mesmo personagem existiam em Terras diferentes. Por exemplo, havia o Superman, da Terra 1, o Superman, da Terra 2, o Superman, da Terra 444 e assim por diante.
Isso, com o tempo, acabou provocando uma grande confusão na continuidade da editora, ninguém sabia mais qual versão valia, qual história era canônica, qual poder determinado personagem tinha.
Então, em 1985, em seus 50 anos, a editora resolveu unificar todo o seu multiverso, e essa foi a missão de Marv Wolfman, escritor e George Pérez, desenhista, ao assumirem Crise nas Infinitas Terras.
Na história, uma nuvem de antimatéria está destruindo todos os universos do multiverso, Assim, o Monitor e sua ajudante Lyla, a Precursora, iniciam uma convocação de vários personagens para que, juntos, possam impedir o fim do multiverso.
Ao mesmo tempo, surgem novos personagens, como o Antimonitor, o grande vilão da saga, que controla a onda de antimatéria e Pária, um personagem que surge sempre como um arauto, antes de cada Terra perecer, é uma maldição que foi-lhe imposta por conta de seu orgulho científico.
No Brasil, a história foi publicada pela primeira vez pela Editora Abril, em 10 edições de suas revistas mensais em 1987: Os novos titãs 12, Super-homem 34, Superamigos 24, Super-homem 35, Superamigos 25, Superpowers 5, Super-homem 36, Superamigos 26, Os novos titãs 15 e Super-homem 37.
O que mais chama a atenção, nos roteiros, é a capacidade de Wolfman de dar sentido a uma série que reúne mais de 50 anos de criação de personagens de quadrinhos: todos os personagens da DC criados até em então aparecem na saga, alguns morrem, e com mortes épicas, como a morte da Supermoça, em Superpowers 5 e a do Flash (Barry Allen), em Super-homem 36.
Quem imaginaria que personagens tão importantes poderiam morrer? E foram mortes monumentais, dignas das lendas que estes personagens forjaram durante décadas.
Os desenhos de Pérez não ficam atrás. Apenas ele mesmo tinha o talento para equilibrar, em uma única página, tantos personagens, de forma coerente, e que nunca fica saturada: um mestres dos quadrinhos. Suas páginas, muitas vezes, são grandes painéis de diversidade coerentemente dramática, é um luxo.
Faz gosto e nos enche de satisfação ler uma obra assim.
Na última edição, todo o multiverso está destruído e só restam cinco Terras. Elas são amalgamadas em uma única Terra chamada de Nova Terra; o Antimonitor, morto e, num hospício, um único personagem ainda consegue se lembrar das múltiplas Terras, dos infinitos universos, mas todos pensam que ele está louco.
Abaixo, as capas da saga e algumas cenas: