*Alexsandro Alves
Naquela tarde, morgada e sonolenta, preguiçosa, tal qual nossos personagens, reuniram-se sob pesados esforços 11 preocupados supremos ministros: Lex Luthor, Weberiana, Noites Sem Foles, Ed da Faxina, Benta Carneira, Auréola de Grelo, Erasmos Lamoso, Melso de Cello, Engavetador Mendes, Lucius Fox (amigo de Batman) e Ricardo Leva a Vodca. Estavam abismados com seu filho, o Coiso. Este, desobediente, incitava a população! O Coiso, filho dos 11, da mídia e do Marreco, agora se voltava, edipianamente, contra seus pais. Queria destruí-los. Ao longo dos meses, mostrara-se insubmisso e com falas que tendiam a quebrar aquela outrora harmonia entre os poderes. Atormentados, reuniram-se os 11 para debater e evitar um patricídio.
– É só uma fase. – Disse Weberiana.
– Vamos conversar com o garoto. – Emendou Lamoso – Quem sabe se dermos para ele uma medalha? Ele é fã dessas coisas. Podemos torná-lo general.
– É! Eu acho que fomos pais ausentes! – Sentenciou Faxina, sempre autocrítico – Se dermos mais brinquedos para ele, nosso menino se acalma. A presidência é um brinquedo que já o cansou. Ele gosta de tanques, canhões, essas coisas masculinas.
– Faxina tem razão! – Apoiou Leve a Vodca, sempre bêbado – Nós demos brinquedos muito lúdicos para o nosso garoto, ele precisa de ação. Vejam que ele até se encantou com a caneta de assinar projetos e tal… E era uma simples caneta Bic, azul, azul caneta. Mas de fato, um menino igual a ele, robusto, com aquele histórico de atleta, que desde criança gostava de explodir aquedutos, não se satisfaria apenas com as letras. Ele precisa de um tanque de guerra! – Nesse momento, um lacaio surge, ofegando.
– Senhores ministros! – As ministras fizeram cara feia – E ministras! O Coiso acabou de fazer um pronunciamento. – Disse o lacaio, exibindo seu celular em punho – Vejam e escutem o que o Coiso falou: – “Acabou, porra!” – Dizia o menino mais malcriado do país. Todos na sala coçaram a cabeça e fizeram expressões fofas de raivinha e tristeza.
– É! – Lamentou Luthor – Ele é contra a democracia. Ele chama palavrão e isso é contra a democracia e contra a liberdade de expressão.
– Estamos fritos! – Chorava, desconsolada, Benta Carneira.
– Mas eu tenho um plano! – Lex Luthor disse isso sorrindo, aquele sorriso largo e irônico, e depois de fazer um gesto com as mãos, passando-a pela garganta, como uma lâmina, continuou – Vamos libertar o maior inimigo do Coiso.
– Mas Lex, não podemos! Ele foi condenado em todas as instâncias. – Protestou Weberiana.
– É simples. Vamos encontrar algum probleminha técnico nos despachos. Sempre tem. Será nosso álibi.
– É isso! – Sobressaltou-se Lamoso! – Você é uma mente geniosa, Lex! Vejam, os processos dele, são vermelhos! – Nesse ponto, Lamoso iniciou a falar em complexos termos jurídicos –, e como sabemos, processos vermelhos devem ser julgados em Serra Verde, mas foram julgados em Serra Azul. Isso favoreceu erros porque quando se coloca uma placa vermelha diante de uma azul, o olhar se confunde, as cores parecem dançar e tudo se mistura. Ah, maravilhosa Thémis!
– O Marreco vai ficar com raivinha de nós… – Temia, dessa forma, Auréola de Grelo.
– Mas a culpa foi dele! – Batia o pé Noites Sem Foles.
– Onde já viu um processo vermelho ser julgado em Serra Azul? – Questionava-se, atônito e com seu impenetrável olhar, Engavetador Mendes. Este evitava sempre falar muito, porque suas bochechas de sapo tendiam a balançar comicamente.
– Além disso – observou Melso de Cello –, os processos da Autocar estavam chegando por aqui e nos emplumados…
– Não precisa nos lembrar, ele foi longe demais! – Interrompeu Fox.
– Deus guarde Teori! – Lamentaram, aliviados, todos os 11…
– Mas e agora? – Perguntou Benta Carneira, fixando o olhar em Luthor. – Se soltarmos ele, como o controlaremos? Na outra vez tinha até empregada e gente negra em aeroporto e não era limpado o chão, não! Era na primeira classe… Isso fere a democracia!
– Eu tenho um relatório! – Luthor assumiu um ar de cumplicidade envolta em mistérios… – Vejam! – E sacou um calhamaço! – Aqui está detalhada a doença dele. Ele mal pode falar. Vamos fazer um acordo em que todos sairão ganhando. Ele será solto, inocentado. Graças a esse probleminha técnico. E para controlá-lo, vamos por um emplumado de vice!
– O Cheirador? – Indagou Engavetador Mendes. – Não! – Respondeu Luthor.
– Ah, é o Calça Apertada! – Noites Sem Foles erguendo os braços em gestinhos fofos de vitória. – Não também!
– Ah! Quem é Kiko? Fala pra ele Kiko! – Faxina chorava, para vergonha dos outros 10…
– Vocês são burros mesmo! Eu estou falando do Santo Chuchu!
– Oh! – E todos se abraçaram!
– Chuchu controlará ele! E além disso, como ele está enfermo, nem governará por muito tempo. Então, os emplumados retornam ao poder.
– Mas, Luthor! – Disse Weberiana espantada. – E se ele não aceitar?
– Será uma proposta irrecusável. Ele será inocentado até na ONU e no Jornal Nacional. É tudo o que ele quer, sair como honesto, no fim de tudo. Lacaio! – Gritou Luthor. O lacaio retornou, como sempre exausto. – Ligue agora para Bonner. Vera, Josias e toda a gangue midiática! A notícia é essa:
LIBERTEM O KRAKEN!!
E todos se abraçaram!
#gratidão
#luz
#gratiluz
#oamorvenceu