*William Faulkner
Minha opinião pessoal é que o que eu escrevi nunca foi tão bom quanto eu queria ou esperava que fosse; essa é a razão para o escritor escrever outro livro. Se você escrevesse apenas um livro e acabasse sendo tudo o que você esperava dele, provavelmente pararia de escrever. Mas este não é o caso, então ele tenta novamente e começa a pensar em seu trabalho como uma longa sucessão de fracassos.
Quero dizer, é o melhor que ele poderia fazer, mas nenhum deles é perfeito, que é o que ele aspira, e qualquer coisa que não seja perfeição é um fracasso. Pediram-me para avaliar meus contemporâneos, Hemingway, Dos Passos, Caldwell e Thomas Wolfe, e eu disse que não poderia, porque achava que eles, como eu, pensariam que seus trabalhos haviam fracassado; e que a única maneira de avaliá-los era em termos da magnificência desse fracasso.
Então coloquei Wolfe em primeiro lugar, porque ele trabalhou mais duro para fazer o que sabia que não poderia fazer. Coloquei-me em segundo lugar, porque me esforcei quase tanto quanto Wolfe para fazer o que não consegui. E coloquei Hemingway por último porque ele percebeu, muito cedo, o que era capaz de fazer e sempre se apegou a esse padrão. Essa minha opinião nada tinha a ver com o valor do trabalho, mas apenas com o que eu chamaria de magnificência, grandeza do fracasso. Isso é o que era.
Acredito que o escritor deve buscar a perfeição acima de tudo, que enquanto ainda respira, sua única chance é atingir a perfeição. Você não consegue na vida porque não tem tanto valor quanto gostaria de ter, nunca poderá ser tão honesto quanto gostaria, mas desde que tenha caneta e papel,
William Faulkner
«Entrevistas no Japão (1955)»
Leão no Jardim
Tradução: Antonio Iriarte
Editora: Reino de Redonda
Foto: William Faulkner