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A música que dança entre a tempestade e a brisa

Uma apreciação poética, subjetiva da música do compositor e padre italiano Antonio Vivaldi, da escola barroca do violino.

*Oliver Harden

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Ouça Vivaldi e perceberá que a vida não se move em linha reta,
mas em espirais de fúria e repouso,
em danças que alternam a suavidade da brisa
e o açoite de um vendaval que atravessa o mundo.
Seus violinos não caminham, galopam,
não recitam, gritam,
não descrevem, desencadeiam.
Vivaldi é o trovão e a calmaria,
é a rajada de vento que curva os campos
e o orvalho que repousa sobre a folha ao amanhecer.
A Elegância que Voa, a Fúria que Rasga
No compasso de seu violino,
vemos a graça de um cisne deslizando sobre águas plácidas,
e, num instante seguinte, os remoinhos do oceano em tormenta.
Ele não escolhe entre o sussurro e o brado,
entre a ternura e a cólera,
mas os entrelaça como se fossem irmandades inevitáveis.
O Verão começa como um sopro cálido,
mas logo se incendeia em delírio,
e o Inverno desliza como gelo que racha sob os pés,
delicado e traiçoeiro.
Seus concertos não são apenas melodias,
mas narrativas da condição humana:
pois quem nunca foi furioso como um Presto?
Quem nunca suspirou como um Largo?
Vivaldi e a Vida: O Contraponto Incessante
A existência, como suas notas, não se contenta em ser estável.
Oscilamos entre a delicadeza da esperança e a agressividade do destino,
entre dias de luz difusa e noites de tempestade sem presságio.
Como na música de Vivaldi, a vida nunca repousa completamente,
pois a calmaria não existe sem o vendaval que a anuncia.
Seu violino nos lembra que viver é aceitar essa alternância,
é saber que a doçura e a ira caminham de mãos dadas,
que a música só se torna grandiosa porque transita
entre o furioso e o sublime.
E assim seguimos,
tocados pelo arco do tempo,
vivendo entre explosões e silêncios,
aprendendo que ser humano
é ser, a cada instante,
uma sinfonia de opostos em harmonia.