*Franklin Jorge
Disse o grande escritor antifascista Thomas Mann, Prêmio Nobel de 1926, que o artista sem caráter é um ‘monstrum horrendum”, ou seja, um sujeito capaz de enganar e trair, tornando-se assim o oposto do verdadeiro artista, um defensor da verdade e dos valores humanistas. Justamente o contrário de Novenil, artista dotado de algum talento mas inteiramente dedicado a tirar proveito da cultura e a enganar os homens de boa-fé. Como o ativista cultural Augusto Santos, sua vítima.
Autodeclarado administrador do Fórum de Cultura do Vale, composto por 57 artistas que ele intentou colocar no bolso, passou a sentir-se incomodado com minha presença e, sobretudo, com as minhas críticas sobre o desvirtuamento de um organismo que devia ater-se à defesa da cultura e não de próceres do PT ou de quaisquer outros políticos ou credo ideológico. Sob sua orientação o Fórum se tornou descaradamente partidário, ao colocar-se como defensor de figurinhas carimbadas com o estigma do crime que lhes corre na massa do sangue.
Habilidoso manipulador, botou o P no centro da política cultural do Ceará Mirim, na tentativa de contar com o apoio dos artistas locais para derrubar a secretaria municipal de Educação e Cultura, para, sufragado pela classe artística, ocupar o seu cargo. Fui dos primeiros a opor-se aos seus intentos e, graças às colocações que fazia, ao deter-me sobre suas intenções, logrei abrir os olhos de vários membros do grupo, que já o desprezavam por seu autoritarismo e descarada militância em favor de políticos de seu partido, locais, como a governadora Fátima Bezerra, e de outros estados, como Jandira Feghali e Benedita da Silva que, por ser negra e o Ceará Mirim um antigo enclave escravocrata, mereceria uma reparação, elegendo-se presidenta de um país devorado pelo socialismo. Por seu intermédio, o ex-prefeito de São Gonçalo, Jaime Calado, mandou pessoa de confiança para organizar o fórum, o que a meu ver constitui uma ingerência abusiva e constrangedora, como se a chamada Terra dos canaviais não tivesse entre os seus filhos gente capaz de autodeterminar-se.
Felizmente, para o bem do Ceará Mirim, sua máscara caiu rapidamente e de repente ele se viu nu, no meio do povo, que prontamente repudiou o mau uso que fazia da cultura. Descontrolado, ao ver-se despido por artistas nada bobos, reagiu agredindo membros do fórum, como o artista Júlio Siqueira, Ivo Maia e Ojuara, que manjaram prontamente suas intenções totalitárias. A mim, expulsou sumariamente, sem consultar ninguém, como se um barão fora das artes e da cultura potiguares. Humilhou publicamente o artista Rui Lima, que o teria contestado e se insurgido contra o seu autoritarismo ideológico. A outros, menos observadores e argutos, enganou redondamente.
Atacado de histerismo feminil, usou e abusou Novenil Barros de palavras de baixão calão, impróprias em um colegiado que fingia lutar em defesa dos artistas e pelo engrandecimento da cultura de uma cidade que nos deu alguns dos maiores escritores brasileiros, como Edgar Barbosa, Rodolfo Garcia, Nilo Pereira, o geógrafo Júlio de Senna e Madalena Antunes, autora de um livro canônico que faz pendant com a Massangana de Joaquim Nabuco; um livro único na história da literatura brasileira. Pareceu-nos a todos, leitores, uma fateira no palco.
De fato, por sua história e tradições, o Ceará Mirim não precisa colocar a cultura no tronco ou sob o chicote de um feitor ideológico.