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A obra aberta de Ruth Palatnik Aklander

Navegos reproduz o que escreveu ainda nos anos de 1980 o seu Fundador sobre a norte-riograndense Rutk Palatnik Aklander (1926-2009), artista construtivista e performática residente no Rio de Janeiro, onde teve uma efetiva participação em movimentos culturais de vanguarda até o seu falecimento. Era prima de Abraham Palatnik, recentemente falecido.

*Franklin Jorge

Artista norte-rio-grandense, há muitos anos radicada no Rio de Janeiro, Ruth Palatnik Aklander participa do movimento de Artepostalismo [Mail Art] desde a primeira hora. Expoente de uma corrente estética racionalista, ela explica-nos porque optou pelo conceitualismo. Sua obra personalíssima, intercambiável e lúdica, exigia a intervenção do público que se sentia naturalmente atraído por sua inventividade.

Antes a usufruição da arte não exigia esforço, gostava-se ou não; ao contrário da arte contemporânea que exige muito do espectador, afirma a artista. Por isso, a arte contemporânea não é, necessariamente, uma arte que agrade às pessoas. O artista contemporâneo não tem essa preocupação.

Inquieta, inconformada, indagativa, Ruth Aklander “constrói” racionalmente suas obras, sem concessões ao sentimentalismo. Nos anos de 1990 fez uma intervenção no Museu de Arte Moderna, quando apresentou o seu projeto Degustarte, um grande peixe composto de outros peixes que foi literalmente saboreado pelos presentes.

Minha opção resulta de questionamentos a respeito de sistemas que considero contrários ao ser humano e de indagações metafísicas baseadas no “por quê” e “para que” viemos ao mundo. Já que estamos numa passagem, pois sabemos que nascemos e vamos morrer, me pergunto por que essa falta de fraternidade e de solidariedade… Por que tanto massacre, tanta guerra, tanta corrupção? Não quero ser do primeiro, nem do segundo nem do terceiro mundos, mas de um mundo menos imundo e mais humano, entende? Como artista, creio que posso conceber um mundo melhor.

Formada em Filosofia, Ruth Aklander é uma artista inquieta e participante. Sofisticada, utiliza-se em sua arte de recursos tecnológicos, compondo, a partir de sua cosmovisão do mundo, uma obra aberta à participação, pois cada quadro ou objeto que cria representa um desafio ao espectador.

Trabalhando o acrílico, que ela considera o mais nobre material feito pelo homem, começou figurativa e depois evoluiu para “a geometria das formas destituídas de impurezas”.

Representante, no Rio de Janeiro, do projeto A Amazônia Vista Pelos Artistas, movimento que, criado no Acre, reúne artistas do mundo inteiro, especialmente da Europa, Ruth Aklander afirma que, Enquanto os políticos brasileiros não se conscientizarem do valor da cultura, jamais o Estado conseguirá acabar com a miséria e o povo continuará passando fome, porque até para plantar uma árvore frutífera, precisamos conhecer o período do plantio, o clima, o solo