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A origem da corrupção no Brasil

Professora credita à formação da Nação brasileira o fato de a maioria dos políticos se apropriarem da coisa pública; iniciada em 2014 e em andamento, a Operação Lava Jato de combate à corrupção, coordenada pelo Ministério Público Federal, prendeu mais de 200 empresários e agentes públicos e repatriou cerca de 745 milhões de reais

Nadja Lira

O povo brasileiro ganhou notoriedade em todo o mundo não apenas por sua cordialidade e alegria, mas, especialmente, pelo considerável contingente de pessoas corruptas, desonestas e que tentam levar vantagem em tudo. Particularmente, acredito que a questão da corrupção tem como principal culpado o nosso solo fértil. E este fato foi descoberto por nossos conquistadores – o povo português – meio por acaso.

De acordo com a nossa história, os portugueses trouxeram para colonizar o Brasil toda a escória europeia, formada por ladrões, estupradores, prostitutas, enfim, os degredados que receberam como castigo povoar a terra recém-conquistada. Ocorre que, os degredados viveram, multiplicaram-se, morreram e acabaram sendo sepultados aqui, nesta terra que, segundo o escrivão da esquadra de Cabral, Pero Vaz de Caminha, “em se plantando tudo dá”.

Ora, um solo reconhecidamente fértil como o nosso com a capacidade de fazer brotar tudo o que nele se plantar, o que mais poderia produzir senão corruptos, corruptores, desonestos e similares? É claro que existem as exceções. Mas elas são tão raras que a gente quase não nota.

Somente depois que se descobre a raiz de nossa história, fica mais fácil entender – mas não aceitar – os motivos pelos quais existe tanta corrupção no país: o problema está no código genético que os brasileiros herdaram dos degredados que foram enterrados aqui.

Além disso, os portugueses chegaram ao Brasil e fizeram pouco caso dos donos da casa – os índios –, a quem subornaram com bugigangas, escravizaram, roubaram, mataram e, a seguir, os brasileiros concluíram o trabalho, quase erradicando completamente essa gente desta terra.

Assim, a coisa nunca mais parou. Virou moda subornar, mentir, enganar, corromper, roubar, invadir a privacidade das pessoas e outras atrocidades do gênero.

Os saques ao patrimônio do povo brasileiro aumentaram e a descrença da população só fez crescer, chegando ao ponto em que alguns brasileiros perderam a capacidade de esperar por dias melhores. A esperança não venceu o medo, mas acabou com o sonho de milhões de brasileiros, de forma que algumas pessoas passaram a brincar com um assunto muito sério, que afeta a vida de todos nós: a política.

A “arte capaz de ser dominada por poucos”, como definiu a política Platão em seus escritos, transformou-se em chacota e os políticos brasileiros, em sua maioria, não desfrutam de um mínimo de credibilidade. Aliás, ser político hoje no Brasil tornou-se sinônimo de ser ardiloso, matreiro, ignóbil… enfim, tudo o que há pior no homem. Os políticos, por sua vez, fazem por merecer esse desprezo popular, uma vez que destratam seus patrões, os cidadãos.

Como ter orgulho e respeito por políticos como a governadora do Rio Grande do Norte, por exemplo, já que durante o tempo em que foi senadora (2015-2018) iludiu o povo potiguar com a cantilena de que havia intermediado a construção de vários institutos federais no Estado?

Enquanto ocupou uma cadeira como Senado, Fátima Bezerra teve uma atuação pífia, ocupando a 79º colocação em desempenho, quando a Casa Maior conta com 81 representantes das 27 unidades da Federação. O milagre, hoje se sabe, foi obra da ex-governadora Rosalba Ciarline (2011-2014), uma das responsáveis pela falência do Rio Grande do Norte.

Além disso, trazer benefícios para seus Estados de origem não é favor que estes políticos fazem. É pura e simplesmente sua obrigação. Afinal, é para isto que são eleitos e muito bem remunerados pelo povo.

Nadja Lira é professora, jornalista e filósofa.

BUNKER Agentes da Polícia Federal apreendem caixas e malas que continham R$ 51 milhões em apartamento usado pelo ex-deputado federal baiano pelo MDB Geddel Vieira Lima para esconder propina; o montante foi o maior já confiscado em dinheiro vivo pelo órgão; a ação, realizada em 2017 e batizada Tesouro Perdido, foi um desdobramento das investigações sobre fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal, onde ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff; Vieira Lima também atuou como ministro da Integração Nacional (2007-2010) e da Secretaria de Governo (maio-novembro de 2016) nas gestões dos ex-presidentes Lula da Silva e Michel Temer, respectivamente