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A origem dos Ribeiro Coutinho

Colaborador de Navegos escreve sobre as origens do anfitrião do poeta Thiago de Mello, em Ilha Bela, fato inspirador de uma série de artigos investigativos de grande interesse para os estudiosos da cultura potiguar.

*José Vanilson Julião

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Entre1950/80 a riqueza, poder político e conflitos agrários reinam nas usinas da várzea do Rio Paraíba: municípios de Santa Rita, Sapé, Cruz do Espírito Santo, Alagoa Grande, Itabaiana e Pilar. As famílias Ribeiro Coutinho e os Veloso Borges (com os suecos Lundgren, Santiago e Cartaxo) são objeto da pesquisa no curso de pós-graduação em História.

Flávio e Renato Ribeiro Coutinho (tio e sobrinho) são as lideranças, mais Agnaldo Veloso Borges, e fazem parte das oligarquias desde a Primeira República (1889/1930) e provavelmente o Império (1822/89). Os artigos resumem origens das famílias, construção dos “impérios” e participação política: 1913/30; 1931/45; 1946/58 e 1959/64.

Flávio retorna à Paraíba (1913): formado em medicina na Bahia após período no Pará. Nasce no Pilar (1882), filho de João, pernambucano, e de Anna Maroja, irmã de Flávio Maroja, médico, membro da Primeira Assembleia Constituinte da República (1891/94) e fundador do Instituto Histórico e Geográfico/PB.

O casal tem 12 filhos (sete mulheres): Odilon, João, Flávio, Flaviano e Francisco Leocádio (teria falecido criança e outras fontes citam Pedro). Sobreviventes: Odilon, bacharel, chefe político de Itabaiana até por volta de 1920, quando “entregou” a chefia a Flávio. João, bacharel, em 1928 testava álcool nos tratores da Usina São João. Casou com Helena Pessoa, herdeira da Usina Aliança, uma das maiores de Pernambuco.

Flaviano, agrônomo, casou com Celeste Teixeira, neta do Barão de Maraú, que hospedou Dom Pedro II e comitiva (1859). Flávio casou-se com a sobrinha Berenice, filha da irmã Débora. Com a morte de João (1930), passa a liderar a família, expande patrimônio e amplia espaços políticos do tio materno Flávio Maroja.

Funda UDN (União Democrática Nacional), disputou eleições, controlou prefeituras, criou o Sindicato do Açúcar e do Álcool, presidiu a Associação Comercial, a Assembeia Constituinte (1947), formou o embrião do grupo com o sobrinho Renato, elegeu-se governador (1955), licenciou-se devido a um acidente vascular cerebral (1958) e falece no Rio (1962).

Flávio, ex-governador (1945/51). Odilon, primogênito, o único a ter Maroja no sobrenome, sugere à antropóloga canadense, Margo Matwychuck, a pretensão de João Ribeiro (pai) de desvincular-se da antiga oligarquia; o casamento é estratégia para preservação de capital e bens (terras), além de relações sociais que abriam portas.

A esposa de João Úrsulo, Helena, morta pelo tifo aos 35, deixando sete filhos, traz considerável, era cunhado de José Ermírio de Moraes, pai do senador, ministro e industrial Antonio Ermírio de Moraes. O próprio Flávio casou com a sobrinha. A geração seguinte, a de Flávio, viu outro Odilon (sobrinho) casar com a sobrinha de Agnaldo.

A família possui entroncamento com o interventor federal Argemiro Figueiredo (1935-1940), com o senador Veneziano Vital do Rêgo Neto e ministro do TCU Vital do Rêgo Filho, Severino Cabral, ex-prefeito de Campina Grande, e Enivaldo Ribeiro, ex-prefeito de Campina Grande, casado com Virgínia Veloso Borges.

Os Veloso Borges: os irmãos Manuel, Virgínio, Agnaldo e Claudino, sendo este mais presente nos negócios. Todos de Pilar. Compram a fábrica de tecidos Tibirí em Santa Rita (1924) e a usina Tanques (1926) em Alagoa Grande.

Manuel (1885-1959), médico, deputado estadual (1929 e 1933) e senador (1935); presidiu a Associação Comercial (1925/28) e diretor até 1930. Virgínio fundou a seção da Ação Integralista Brasileira (Santa Rita). Agnaldo (suposto caçula) disputa a prefeitura de Santa Rita.

A partir de 1922 a família Ribeiro Coutinho, dona da Usina São João (1914) adquire as usinas Cumbe, Bonfim, Espírito Santo e São Gonçalo (1922), parte da Pedrosa (1925), Nossa Senhora do Patrocínio (1928) e o restante da Pedrosa. Todas mudam de nome. Agnaldo compra a Tanques.

A Aliança Liberal, com João Pessoa (vice de Getúlio Vargas) e a chapa do governo Washington Luís, encabeçada pelo paulista Júlio Prestes, ganha, mas não leva. A candidatura oposicionista provocou retaliações pelo governo federal, além de ser simultânea à revolta armada de Princesa e à quebra da bolsa de Nova York (1929) abalou exportações (algodão e açúcar). Os Veloso Borges apoiam os aliancistas e os Coutinho defende Prestes devido disputa com os Pessoa (Itabaiana). O assassinato de João Pessoa e a Revolução de 30 iniciam nova fase.

*Com dados da pesquisadora Zênia Chaves Araújo de Melo. Bancária aposentada, ex-dirigente sindical, bacharelada em Sociologia e Ciência Política (UFRN), licenciada em História e aluna de Pós-Graduação em História (UFPB).

FONTE

Brasil de Fato/PB

João Albuquerque Júnior , Flávio Ribeiro Coutinho e João Úrsulo Ribeiro Coutinho