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A Poesia De Um Sítio Arqueológico

Fundador de Navegos detalha uma publicação das mais originais do mercado literário potiguar, um livro de poesia produzido artesanalmente através da parceria de dois selos literários da cidade e que presta homenagem, em seu título, ao Pitimbu.

*Franklin Jorge

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Os Selos Editoriais Munganga & Sol Negro uniram-se em parceria para produzir, artesanalmente, e publicar uma novidadeira coletânea: Poetas do Sítio Pitimbu [Natal, 2023], organizada por Ayrton Badriah e Márcio Simões, mais capa e intrigantes ilustrações desse grande talento gráfico: Victor H. Azevedo, escritor e poeta em uma obra que rompe com os limites de gênero, perfila o poeta José Bezerra Gomes, currais-novense, socialista, até a morte inusitada um ser solitário, entregue à melancolia. Um jovem de talento o fez ressuscitar de entre os mortos ao reinventar o autor como personagem, aqui declara sua intenção de cortar o mundo, não para fotografar o turismo de pedras, ou para desenhar eletrocardiogramas. Para a educação da pupila por meio da navalha.

Belo e sóbrio artefato gráfico, obra graficamente resultante de um designer que cria sem perder o sentido lúdico do brinquedo – de todo brinquedo que se presta ao toque –, eis o livro que saboreio, a partir de sua forma, seus conteúdos cheios de experiencias existenciais e poéticas. Uma publicação que faz justiça ao talento ao expor a produção poética de um grupo que parece ter ainda muito o que nos dizer e a acrescentar à cultura local.

Ayrton Badriard e Márcio Simões se uniram para compor uma antologia de poetas que habitam o velho Sítio Pitimbu, cortado pelo rio de mesmo nome, que se está finando. Estou, nesse ror, incluído, mas inconformado com a ausência de Alexsandro Alves, sem dúvida, um criador sofisticado em prosa e verso. Creio que ele representaria melhor as noturnidades do Pitimbu, razão pela qual intentei convencer Ayrton que Alexsandro, não eu, seria a escolha certa…

Voltemos aos Poetas do Sítio Pitimbu. São poetas que surpreendem e faz crer que há vida inteligente entre nós, e não somente a expressão de uma vaidade crônica que contamina tudo e condena Natal ao provincianismo.

O livro, feito à mão, valoriza poetas que aparentemente não buscam holofotes nem se adornam de ouropéis. Gente jovem, em grande parte por mim desconhecida, sou, por conseguinte, o decano dessa plêiade de jovens poetas bafejados pelas Musas. Todos comprometidos com a exigência de qualidade que há de estar presente em tudo.