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A poetisa mossoroense e o cinema

Colaborador de Navegos, pesquisador meticuloso corrige informações equivocadas sobre Helen Ingersoll, poetisa mossoroense alvo de pesquisa açodada encomendada pela ex-secretária extraordinária de cultura do RN, Isaura Amélia Rosado Maia.

*José Vanilson Julião

Recentemente li reportagens sobre a poetisa Helen Ingersoll (Mossoró, 1930 – Rio de Janeiro, 2011) referentes ao livro de 106 páginas do pesquisador Cláudio Galvão, uma edição “Amigos da Pinacoteca”, com 20 poemas e quatro crônicas garimpadas em jornais (1947/50).

O leitor pode assistir ao vídeo sobre o lançamento (29/8). Ou ler os jornalistas Ana Paula Cadengue (Papangu, 28/8), Vicente Alberto Serejo Gomes (“Cena Urbana”, 4/9) e Alexandre Alves (Típico Local, 8/9).

No ano passado (2/2) Woden Coutinho Madruga (“Tribuna do Norte”) reproduzira carta do falecido escritor Lenine Pinto (28/2/1975), em que este cita a poetisa em possível encontro literário não realizado (?).

Já Lucia Rocha reproduz com este título – “Leitura de Domingo com Dorian Jorge Freire” (Livros Regionais, 3/9/2017) – o artigo “Presença de Helen” (“O Mossoroense”, 2/12/1951) com cópia em poder de Maria Lúcia da Escossia.

A redescoberta pode ter vários pais e mães, mas tem como um dos pontos de partida, sem dúvida, o artigo “A Poesia da mossoroense Helen Ingersoll”, de Laélio Ferreira de Melo (Mediocridade Plural, 7/5/2011).

Ou antes. Cid Augusto Rosado cita a poetisa em “Príncipe Plebeu” (Canto de Página, 29/4/2011), sobre o recebimento em março do ano anterior da biografia de Othoniel Menezes de Melo escrita pelo mesmo Cláudio Galvão.

Quatro anos apos a fundação (2007) da Academia Feminina de Letras e Artes de Mossoró (Aflam) em 17/8/2011 são completadas oito cadeiras restantes com os respetivos patronos, entre os quais Helen Ingersoll (cadeira 38), tendo como primeira ocupante Margarida Costa de Araújo Bezerra.

Ao repórter Marcos Ferreira (“O Mossoroense”), reproduzida pelo “Vivicultura” (8/3/2012), o publicitário José Rogério Dias Xavier homenageia Helen e outros em cardápio alimentar na reabertura do “Chap-Chap”, mistura de bar, restaurante e ponto de encontro para artistas.

Sem desmerecer a iniciativa da ex-secretária Isaura Rosado na encomenda da pesquisa. Certamente a par das informações instaladas na “Coleção Mossoroense.” E procurei saber mais da personagem. e dos pais, o canadense William John Ingersoll e a professora Maria Elisa da Silva.

O nome é o mesmo do personagem “Helen Ingersoll”, interpretado por Bennie Jean Porter (Cisco/Texas, 8/12/1922 – Canoga Park/Califórnia, 13/1/2018), em papel coadjuvante, no filme “Noite na Alma” (1946) ou “Até o fim dos tempos”.

Estrelado por Dorothy McGuire, Guy Madison e Robert Mitchum. Três ex-combatentes em dificuldades em se reajustar à vida civil, após a guerra. Perry não consegue lidar com a perda das pernas, William está com dívidas e Cliff não sabe o que fazer da vida.

Se o articulista não confirma os dados teria engolido a corda que recebera o nome em homenagem a atriz (foto), que estréia nem 1936, seis anos depois o nascimento da norte-rio-grandense, e totaliza 39 filmes até 1961, 15 não creditados.

A poetisa consta na relação, de A a Z, de poetas nos blogs “Baú de Nomes” e “Blocos On Line”, antes mesmo da publicação do livro.

“A Ordem” (3284 – Quinta-feira, 28/11/1946) noticia a diplomação das professoras do Ginásio Normal de Mossoró. Com missa (sábado 30), na catedral de Santa Luzia celebrada pelo bispo diocesano, dom João Batista Portocarrero Costa, sessão magna no Cine-Teatro Pax (19h30) e como paraninfo o professor José Augusto Rodrigues (diretor).

Relação: Helen Ingersoll (oradora), Francisca Dias da Cunha, Benedita F. Saraiva, Maria de Loudes Gurgel Frota, Maria Teresinha de Jesus Leite, Ivonete Maria Leite, Letice Araújo de Oliveira, Lucimar de Oliveira Miranda, Maria de Lourdes M. Costa, Luzia Maria de Souza, Maria da Conceição Amorim, Maria da Conceição Leite, Maria do Socorro Lemos, Judilita Ferreira de Lima e Rute P. da Nóbrega.

O “Diário de Natal” (2098 – Domingo, 8/1/1950) publica o poema “Morbidez” (datado do ano anterior). E em “Notícias de Mossoró” (3428 – 25/11/1953) a nota sobre o terceiro número da revista “Meenting”, que foi as bancas na quinta-feira anterior. O número inaugural data de julho do mesmo ano (Geraldo Maia do Nascimento – “Subsídios para a história da imprensa de Mossoró II”, 13/3/.2016).

Colaboradores: Luis da Câmara Cascudo, Jaime Hipólito Dantas, Dorian Jorge Freira, Jorge Freire de Andrade, José de Aragão Mendes, José Condé, Rafael Negreiros, Paulo Eduardo, Jorge Fernandes, Murilo Mendes, Lúcio Cardoso, Antonio Pinto de Medeiros, Luiz Rabelo, João Batista Pinto, padre Luiz Soares de Lima, Zila Mamede e Helen Ingersoll.

Quanto ao marido e escultor Edson Sá encarrega-se do acervo do irmão mais famoso, Newton (Colinas/MA, 3/8/1938), autor do busto do General Rondon, medalha de bronze (1939), e “A Mãe d’água da Amazônia”, prata no Salão Nacional de Belas Artes (1940). Há uma replica na Ilha do Governador (Baía de Guanabara).

O artista morre no mesmo ano, antes de receber a premiação. Deixa 15 contos de reis na Caixa Econômica. Sem herdeiros. Com a cooperação do prefeito Costa Rodrigues a escultura é transferida para Praça Dom Pedro II ou Praça da Sé (São Luís).

Na Capital Federal foi desenhista e colaborador da revista “Vida Doméstica”. Outras obras: Ophelia Moderna e a efígie do político Joaquim Ribeiro Bógea (século XIX).

Aos 16 anos contata com artistas: Telésforo de Moraes Rego, Newton Pavão, Rubens Damasceno e Arthur Marinho. Aos 19 (1927) produz peças no ateliê (Rua Afonso Pena). Em 1928/29 viaja ao Rio para aperfeiçoar o trabalho.

Professor de desenho e trabalhos manuais da Escola Normal da capital maranhense. Expôs no Salão do Café da Paz em Belém (1934). De volta a São Luís ganhou uma bolsa para estudar no Rio.

Nomeado membro correspondente do Maranhão pela Academia de Artes e Ciências do Rio (1938). Foi também membro efetivo da Sociedade Brasileira de Belas Artes.

FONTES

A Ordem

Diário de Natal

O Imparcial

Tribuna do Norte

Baú de Nomes

Blocos On Line

Blog do Gemaia Canto de Página

Cinema Com Rapadura

Jota Maria

José Mendes Pereira

Livros Regionais

Mediocridade Plural

Monstros

Papangu

Típico Local

Vivicultura