*Franklin Jorge
Disse Nietzsche que “nome é destino”. De fato há nos nomes, em essência, um desígnio misterioso, alguns até inventados – como Aldorisse, que é a soma de sílabas primeiras e finais do onomástico de seus pais, Aldo e Clarisse -, mas refertos de sortilégios que nos faz pensar na magia das palavras. Um nome inventado que contém em sua essência luz e música.
Câmara Cascudo gostava muito de estudar os nomes e sabia o que significavam de onde procediam, como Mazda Perez que o visitava em minha companhia e fez as nossas únicas fotografias, que nos brindou com uma aula sobre o mazdaísmo. Talvez ele próprio tenha criado o nome de sua primeira neta, misturando os nomes de sua bem-amada e de sua filha, que resultou em um nome sonoro e personalíssimo, Daliana.
A escritora Maria Eugênia Maceira Montenegro (1915-2004), nascida em Lavras e falecida no Assu, gostava de lembrar-se que Eugênia seria etimologicamente “a bem-nascida” e Maria, por demais conhecido, dispenso-me de explicar, por serem bem mais informados do que eu.
Por muitos anos fui agraciado com a amizade de Stella Leonardos (da Silva Lima Cabassa), que além da literatura se dedicava a tais estudos e chegou a traçar em sua bonita caligrafia meus nomes e seus significados. Assim fiquei sabendo que Franklin derivava de “franc”, espécie de clava aterrorizante com a qual os antigos gauleses esmagavam o crânio de seus amigos e que deu depois “franco”, “França” e francês.
Segundo sua bem humorada interpretação eu seria um guerreiro, mas provido de refinamento, quem sabe, na arte de matar usando a arma mas terrível que a espada, e, para Voltaire, que li a partir dos 12 anos – a palavra, mais poderosa e cortante que espada. Jorge, em grego antigo Gorgós, agricultor, parece-me que tem mais a ver comigo, porque seria aquele que semeia e cuida da terra, nome do primeiro rei que existiu, de profissão agricultor; alguém que reunia em si a capacidade de fazer (semear e plantar) e a experiência adquirida pelo trabalho. Por isso, todos os reis gregos se chamam Jorge e Jorge é o padroeiro do seu povo e da Inglaterra.
Creio que pelo que lio sobre esse assunto poderia estender-me por várias páginas. Mas, sutil e inesperadamente, já Morfeu começa a cerrar as minhas pálpebras.