*Alexsandro Alves
Em uma aula de Economia Política na UFRN, a Professora Eleonora Bezerra de Melo Tinoco Beaugrand, certa vez, falou-nos que a banana é conhecida como banana em qualquer lugar da Terra: “então, se você estiver em um país e não souber a língua nativa, basta dizer banana que todos entendem”. A popularidade da banana é bíblica. Ela é a fruta do Paraíso, por suas folhas imensas presume-se que Adão e Eva cobriram “suas vergonhas” quando provaram o fruto proibido, que seria, de qualquer forma até hoje, uma maçã. Desde sempre a fruta esteve ligada ao sexo, é símbolo fálico, e portanto, também se liga à alegria de comer. Pelo cheiro, pelo formato e pelo aroma, a banana é a fruta mais amada no Brasil, junto com a mandioca e o milho, formam uma espécie de santíssima trindade da base alimentar brasileira.
O Mestre Cascudo descobre a banana oriunda da África. Os índios que aqui viviam quando da chegada dos descobridores não conheciam a banana que mais tarde se popularizaria na mesa e no imaginário popular brasileiro. A banana que eles conheciam era a pacovã, que comiam cozida. No entanto, as tribos amazônicas desconheciam por completo o fruto.
A nossa banana é preta, portanto. Trazida da África, um pouco menor que sua irmã ameríndia, a banana se incorporou ao hábito alimentar nacional como em nenhum outro povo. Quando estuda a banana, Cascudo é farto em termos que se referem à alegria e mesmo ao prazer de comer, e de comer acompanhado. Nunca devemos comer com inimigos, nos fala o Mestre. E ele, como sempre, tem razão.
Uma boa mesa nunca é uma mesa solitária ou dividida, é um ato de partilha e fraternidade.
O sabor da banana tem um espírito de leveza, suas folhas abertas, braços naturais que saúdam e ofertam o que tem mais precioso, é sempre a imagem do que há de mais tropical e ensolarado. Perfeita ao tato e fácil de comer, a banana, paradisíaca e fálica, sussurra ao imaginário do país imagens que alternam fraternidade, por vezes, uma alegria debochada, noutras tantas, e também, uma agradável rebeldia.