*Reproduzido do blog Pense Numa Notícia Boa
Eis o lugar que todo produtor de cinema adora: cenário já pronto para as filmagens, baixos índices de chuva e população local disposta a trabalhar (e até a emprestar um objeto de casa para decorar cenas).
E para não ter dúvida, o letreiro logo na porta da cidade já avisa: “Roliúde nordestina”.
Cabaceiras é um município brasileiro do estado da Paraíba, localizado na Região Geográfica Imediata de Campina Grande. Está a 300 metros de altitude. Sua sede fica a 180 km de João Pessoa, capital do estado, com aproximadamente 5.000 habitantes. As chuvas são, portanto, irregulares e esparsas e temperaturas médias na ordem dos 30º. Com média de apenas 350 mm durante o ano todo, as precipitações ocorrem apenas durante dois meses, dando vazão a estiagens que duram até dez ou onze meses nos períodos mais secos, conferindo a Cabaceiras o título de município onde menos chove no Brasil.
Parte das filmagens de O auto da compadecida ocorreram no município de Cabaceiras no Lajedo do Pai Mateus. Na ocasião, esse Lajedo, conhecido como a primeira beleza da Paraíba, foi fechado exclusivamente para a Rede Globo. O Hotel Fazenda Rancho da Ema, local onde foram gravadas cenas do enterro da cachorra, no filme O Auto da Compadecida, também fechou contrato de exclusividade com a emissora. Difícil não sentir a paz do lugar. O Lajedo é para quem gosta de escutar o “barulho do silêncio”.
Cabaceiras ficou famosa em todo o Brasil como cenário de mais de 30 produções, entre documentários e longas nacionais, como Aspirinas e Urubus, O Auto da Compadecida, Maria e Romance, de Guel Arraes. Daí o curioso título de “Roliúde nordestina”.
Trata-se de uma imensa laje de rocha com 1.800m de largura por 6.000m de comprimento. É uma das três únicas formações deste tipo no mundo (as outras ficam na Austrália e em Nairobi). Em sua superfície encontram-se rochas, em sua maioria no formato esférico, com dimensões de até 7 metros de altura. As superfícies são recobertas por líquen que durante o dia aparentam cores cinza ou alaranjada e ao pôr-do-sol, tornam-se vermelhos e ao anoitecer, azuis. O bioma é caatinga com destaque para as macambiras e xique-xiques.
O nome do lajedo vem de um curandeiro que teria vivido na região entre o final do século XVIII e início do XIX. Provavelmente de origem indígena, ou com alguma miscigenação com negros. Sabia curar tudo e Mateus escolheu bem o lugar para morar!
Setembro, Outubro e Novembro são considerados os meses mais quentes do ano, com temperatura muito alta e sem chuva nessa época, ou seja, meses de seca. Assim, 97% da vegetação perde a folhagem e apenas 03% se mantém viva, como o cacto e o juazeiro que possuem revestimentos de espinhos e são adaptadas para esse período.
A criação de bode é a base da economia local. O bicho faz sucesso na cidade. Bem no centro de Cabaceiras há uma oficina de couro de bode que já tem meio século de história. Além dos chapéus, o seu Severiano faz também estas selas. É tudo artesanal.
Na Praça do Bode (Praça do Artesanato) o couro do bode vira arte pelas mãos de artesãos e são exportados para o mundo. Há, em pleno funcionamento, várias famílias trabalhando com o artesanato de couro, na confecção de carteiras, cintos, bolsas, botas, chapéus, arreios, selas, mantas, ternos de couro, sandálias, etc.
Um dos maiores atrativos da Festa do Bode Rei, com certeza, é conferir as novidades da culinária “bodística”. E aí não faltam opções de pratos para quem aprecia essa carne de sabor leve e exótico. Há de tudo feito à base de carne e leite caprino: vai da famosa Buchada de Bode até a carne-de-sol de bode, linguiça e almôndegas à base de bode, até o “mecbode” e pizza de bode. O visitante ainda pode experimentar a pinga bode, achocolatado, e os queijos feitos com leite de cabra.