*Antenor Laurentino Ramos
É o coração da cidade ainda hoje. Ninguém pode falar de Nova Cruz sem pensar nela. Ali se resume a vida do lugar, com seus personagens e suas histórias. E ao ali voltar, chega-nos as cenas e o retrato de uma Nova Cruz cara a nosso passado. E este se nos aproxima. Parece que estou vendo! O comércio a concentrar-se no vai e vem de pessoas conhecidos nossas e tantas delas por nós queridas. Lá vêm elas: do lado da Matriz, vejo agora, a casa de Jacó e as Pintas, suas irmãs. No outro extremo, a belíssima casa do Padre Luiz Adolfo. Minha mãe sempre me falava dela. Vizinho, o prédio do cinema Éden, de Paulo Bezerra Souto. As casas de Pedro Carneiro, de Alfredo Santana e de Miguel Bezerra, um quase médico da cidade.
Seus remédios eram uma relíquia. Na lateral da igreja, a famosa pracinha onde nós, os jovens, nos reuníamos e a seguir, a casa de Nô Guedes. Continuando, Domício Vicente da Costa, os irmãos João e Estevam Maciel, a loja de Fenelon e o Açougue Público. Descrevo Nova Cruz desse tempo como a via: a padaria de Nominando Gomes. Ele tinha, nos fundos da casa, uns cachorros enormes que davam medo. Essa padaria pertenceria depois a Luiz Januário. Lembro de uma senhora da família Maciel. Chamava-se Anita, era loura, bonita e Sofria de tiróide. Sempre que passávamos, Tide, minha prima, e eu, ela perguntava: _ “Esse menino e de Olda, Clotilde? Mais na frente, Chico Bezerra Souto e o seu sobrado. Lá estavam Dona Lia Pimentel e os filhos, Adriano, Ana Maria, Valeria, Violante e Bernardo, simpáticos todos e conceituados – A Barbearia de Zé Passos, o barbeiro de todas as gerações, inteligente e muito prosador.
Próximo, as casas de Zezito da Coletoria, de Luiz Piragibe, o Bar de Pedro Luiz, a farmácia de Carlúcio Medeiros que seria depois de Eribaldo. João Tiba e a farmácia de Rosemiro Gesteira, com Ubaldo a atender prazerosamente. Tendo a Rua do Sapo como limite, no sentido inverso, ficava a loja de Joanita Arruda, A casa Arruda Câmara, a resistência de seu Arruda e Dona Taciana, sentavam-se sempre na calçada, à brisa da noite, a cumprimentarem e a serem cumprimentados. Ainda, desse lado, a casa de seu Chiquinho Rosendo, com Dona Chiquinha, sua esposa e os filhos, Ulisses, Agnaldo, Altides, Anilda, Auristela, Sazinho e Mandinho. Seu Matos com a sua loja, Dona Iracema Porpino e o seu armarinho, todos ali eram a Nova Cruz desse tempo. Seu Heráclito e a escolinha de datilografia de Glorinha, Antonio Neco Sobrinho, a casa de Francisquinho Tavares. Vendiam umas soldas que eram uma delícia. Eu só vivia a procura dessas soldas.
Diógenes da Cunha Lima, Otaviano Pessoa e Pedro Barbosa eram outras tantas lojas que se encontravam por ali. Tudo isso na Rua Grande. Ela ia até a corrente, na outra ponta, perto da entrada do Rio Curimataú. Nesse trecho havia as moradias de Torres, o fazendeiro, Pedro Pinheiro, o Correio, com Neco Costa à frente, Dr. Otacílio Lyra e Dona Lila Abdon, a casa de Nega Aguiar. Nessa mesma artéria, viam-se a padaria de Alcides, com Ilzemar à frente, e o consultório de Dr. Gilberto Tinoco. Era um desfilar inacabável de gente esse, da Rua Grande.
Aos domingos, pela noite, o encontro de rapazes e moças e ali aconteciam as coisas e as fofocas. Era ali também que se realizava a feira, imensa, as reuniões festivas, inclusive as de Natal e de Fim de Ano. É impossível não falarmos desses tempos e dessa rua e com eles, de pessoas nossas. Nunca a esquecerei. Tenho certeza de que cada novacruzense dessa geração que por ali passar sentirá o mesmo e dela viverá gratas recordações. A cada um portanto, com a sua história! Voltemos à Rua Grande! Voltemos ao nosso passado!
