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A solução final para os “judeus” brasileiros  

Alexsandro Alves, escritor e professor, analisa as falas de alguns personagens da cena política brasileira e conclui que a solução final bate às portas.

*Alexsandro Alves

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Eu venho colecionando as frases mais escabrosas proferidas por certas militâncias jornalística, jurídica e política. Ao longo desse exercício de sadismo, quase uma perversão do ato de existir, me deparei com momentos que, caso as frases fossem ditas por outrem que não os que as proferiram, estaria instaurada a gritaria coletiva: racista, fascista, genocida.

O jornalista Ricardo Kotscho, em sua coluna no UOL, afirmou que com tantos bolsonaristas soltos fica difícil pacificar o país; dias antes, um dos supremos, Luís Roberto Barroso, confessou, quase sem querer, a união nefasta do STF em torno da derrota de Bolsonaro em 2022; agora, dia 19 de julho, em todos os veículos da mídia, encontramos o presidente Lula disparando mais uma bala: não são seres humanos, são animais selvagens. Essa gente precisa ser extirpada.

Não é a primeira vez que o presidente Lula demonstra seu ódio incontido contra o outro: lembram de quando confirmou para o portal petista BR 247 que, enquanto estava na prisão em Curitiba, só pensava em vingança?

Então a solução final será um grande ato de vingança!

Muito dirão: impossível, não chegarão a tanto!

Vamos voltar ao segundo parágrafo. Kotscho é jornalista; Barroso é do judiciário; Lula é o presidente. Em outras palavras: mídia, judiciário e um líder político vingativo. O que falta ainda?

Hoje, é crime quase inafiançável dizer o que se pensa sobre certos personagens desse filme de horror chamado Brasil: País do Amor, sob pena de se ter a casa invadida e seus bens apreendidos – há cidadãos maiores e menores – e sujeitos como Alexandre de Moraes fazem parte de uma casta de sacerdotes indecorosos.

O inimigo foi desumanizado, como Hitler desumanizou o judeu. É o primeiro grande passo. A mídia cuidará de adentrar nos terrenos simbólicos mais abissais do brasileiro e infiltrar, sorrateiramente, a ideia de que o inimigo precisa ser extirpado, pois não é humano, são, como o presidente Lula denominou-os: animais selvagens; e animais selvagens se abatem. Quando será aberta a temporada de caça?

Quem sabe como começará? Talvez com uma megaoperação para prender cidadãos suspeitos de atos antidemocráticos; através das postagens em redes sociais, como já desejam alguns policiar. E numa manhã, de repente, não mais que de repente, estarão homens da polícia federal levando no camburão cidadãos que postaram apoio aos militares e pediram intervenção militar ou cidadãos que em suas redes sociais apoiam o porte de armas ou mesmo cidadãos que curtiram páginas ligadas a Bolsonaro ou a “negacionismos”. O cardápio é grande.

E os indícios sobre cada cidadão também: não se vacinou, usa camisa da CBF, chama o vírus da COVID-19 de vírus chinês, fala a palavra mito com frequência… diante de tais cidadãos não me admira se o Estado, sob o PT, instituir uma desbolsonarização compulsória dos suspeitos.

Quando, em 2018, em campanha no Acre, Bolsonaro afirmou, com um tom de piada, vamos metralhar a petralhada aqui do Acre, para depois, concluir ainda mais galhofeiro: ou então vamos mandar eles pra Venezuela! – Foi uma celeuma nas redes sociais, um festival de melindrosos chorando, um espetáculo de comiseração coletiva, gente de todas as idades procurando apoio moral através de postagens no Instagram!

Agora, que Lula usa um tom realmente ameaçador, uma Grande Besta apocalíptica, que fala palavras arrogantes e blasfemas, há apenas, por parte de uns, uma lamentação simples, quase um abraço de tristeza seguido por um não faça mais isso! E por parte de outros, o apoio silencioso da espera!