A SPVA/RN FAZ 23 ANOS!
Paulo Augusto de Souza nasceu em Pau dos Ferros/RN, a 3 de agosto de 1950. É jornalista, ativista cultural e político, escritor e poeta. Controverso em vida e na arte, Paulo Augusto é o poeta da modernidade: urbano e maldito, e é o primeiro poeta potiguar tipicamente underground a alçar voos fora desse gueto e fora do estado. Sua poética, que navega em versos livres, é uma navalha que corta com destreza temas pouco usuais para a tradição poética mais convencional. Preferindo o grotesco e o escatológico, a ternura e a melancolia desse poeta são disfarçadas pelo uso de um vocabulário que ainda hoje choca pela crueza. Temas políticos e sociais são entrecortados por comentários maliciosos do ser bicha (não homoafetivo, bicha mesmo). É o poeta da zombaria e do escracho eloquente. Seu livro de poesias é Falo (1976), cuja a destreza da ambiguidade já tem sua gênese no título. Neste livro, a figura dominante é a da bicha, homem urbano que se traveste de mulher, se pinta e é agredida pela família branca – ou negra, de onde vem. É um livro excelente para presentear a sua tia conservadora do Whatsapp. Experimente ler qualquer poema dessa bomba de napalm e perceba os sorrisos laranjas, amargos e ácidos em uma reunião familiar…
Em 12 de junho de 1997, Paulo Augusto funda a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte, a SPVA/RN, a maior confraria de escritores genuinamente potiguar e que merece esse título pela longa história de lutas e empreitadas a serviço da arte poética. Sua existência, iniciada em Natal, hoje se estende por vários municípios do estado, que são chamados de polos. Cada polo tem seu representante que cuida dos assuntos da confraria em seu município.
A SPVA/RN já teve seis presidentes desde a sua fundação. O cargo não é vitalício e decorre de eleição entre os membros da confraria. O primeiro presidente foi o fundador, Poeta Paulo Augusto, nas gestões 1998-2000 e 2000-2003, que hoje é Presidente de honra. O segundo presidente foi o Poeta Zé Martins, nas gestões de 2003-2005, 2005-2007 e 2013-2015; entre 2007 e 2009 a entidade foi presidida pelo poeta Pedro Grilo; após ele, a primeira presidenta da instituição, Poetisa Geralda Efigênia, na gestão 2009-2011. De 2011-2013, poeta Mercê Garcia preside a entidade; desde 2015, a Poetisa Ozany Gomes leva adiante o nome da instituição literária potiguar. Através de sua presidência, Ozany levou a SPVA às instituições de ensino de todo o estado através do projeto Poetas na Escola, onde em um sarau que envolve poesias, música e contação de histórias, cada escola contemplada tem a oportunidade de se envolver com o mundo lúdico e, para alguns, novo, da literatura, em especial da poesia. No início de 2020, Divaneide Basílio, vereadora e presidenta do Partido dos Trabalhadores – Natal, concede a Ozany Gomes o título de Cidadã Natalense – Ozany é paraibana. Com a quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, o título ainda não lhe foi entregue.
Na sexta-feira, 12 de junho de 2020, a SPVA fez 23 anos! Por conta da pandemia do COVID-19 não houve festividades presenciais. No entanto, a confraria continua sua caminhada de encanto e de força na divulgação da poesia potiguar. A cada ano, coletâneas são lançadas com poemas reunidos de muitos de seus confrades e suas confreiras.
A SPVA priva pela diversidade literária de seus associados. Poetas (sonetistas, versos livres, cordelistas), músicos, contistas, cronistas e artistas visuais de todo o estado convivem em uma sociedade diferenciada onde o mais importante é a arte e o fazer poético.
Longa vida a esse sonho de amor estabelecido pelo Poeta Paulo Augusto e que hoje confraterniza homens e mulheres artistas do estado do Rio Grande do Norte.
Parabéns, spvanos!