A Terra Pós-Apocalíptica na DC Comics (1 de 2)

*Edek Kowalewski

Quando falamos de DC Comics, a primeira coisa que nos vem à mente são quadrinhos de super-heróis:

Superman, Batman, Liga da Justiça, Novos Titãs.

Mas a editora, através de suas várias décadas de existência, já publicou quadrinhos de todos os gêneros imagináveis.

Humor (Jerry Lewis, Inferior Five)
Infantil (Sugar & Spike)
Épico (Golden Gladiator, Prince Viking)
Fantasia (Nightslayer, Beowulf, Stalker)
Quadrinhos adultos (Watchmen, V de Vingança, todas as publicações do selo Vertigo)
Funny Animals (Captain Carrot, Crow and Fox)
Soldados (Sgt. Rock, Weird War Tales, Soldado Desconhecido)
Terror (Monstro do Pântano, Hellblazer, antologias como House of Secrets, House of Mystery e Secrets of Haunted House)
E Ficção Científica (Era Metalzóica, as antologias Mystery in Space e Strange Adventures)

Dentro da Ficção científica há diversas ramificações. E um subgênero popular dentro da ficção científica é a do futuro pós-apocalíptico. Ou seja, os dramas de sobreviventes num futuro depois de algum grande cataclismo (que pode ser natural ou causado pelo homem).

Quando foram publicadas diversas estórias que mexiam com a sobrevivência de todo o planeta, raras eram as que apresentavam um mundo onde o desastre já tinha ocorrido de fato. Embora diversas editoras publicassem estórias desse tipo, principalmente em “pulps”, a DC começou esse segmento muito modestamente. Em junho de 1960 era publicada Strange Adventures #117. Quando a capa era referente a primeira estória, um conto sobre um gorila gênio, o que nos interessa aqui é a segunda estória, justamente a estreia dos Cavaleiros Atômicos.

A estória contava que em outubro de 1986, uma guerra atômica que durou 20 dias iria varrer a civilização humana.

A guerra causou a extinção de quase toda a vida vegetal e animal na Terra e levou a uma amnésia generalizada em muitas das pessoas que sobreviveram, especialmente os soldados. A única comida restante é enlatada. O dinheiro não vale nada.

Os Cavaleiros Atômicos se uniram após a Terceira Guerra Mundial. Gardner Grayle, ex-soldado, fundou os Cavaleiros que operavam na pequena cidade de Durvale com um único objetivo: restaurar a ordem na Terra devastada pela guerra. Eles tinham armaduras medievais que de algum modo conseguiam absorver a radiação presente.

Os Cavaleiros tiveram várias aventuras mirabolantes, sempre tentando consertar problemas, resgatar antigas tecnologias, enfrentar tiranos e criaturas bizarras. Eles tiveram aventuras publicadas trimestralmente em Strange Adventures… Mas tudo parecia findar ali. Embora as estórias até mostrassem uma linha de continuidade, não havia interação com personagens de outros títulos, tudo parecia fechado em si mesmo. Foi quando outros tipos de estórias do gênero pós-apocalíptico começaram a ser publicadas a partir dos anos 1970.

A série The Day After Doomsday (O Dia depois do juízo final), que começou em House of Secrets #86 de julho de 1970, mostrava estórias sem aparente conexão, onde pessoas tentavam sobreviver num mundo cuja civilização foi destruída por uma guerra atômica. A primeira destas era sobre um homem que acreditava ser o último da Terra, Adam, e encontrava a última mulher, Ev… não. Gertrudes (na sua mente deve ter tocado um som de disco ao contrário). As estórias curtas de O dia depois do juízo final continuaram a ser publicadas em House of Secrets e mais tarde em Weird War Tales.

Então o fabuloso Jack Kirby, lenda da Marvel, que nessa época estava trabalhando para a DC, criou em 1972 o título Kamandi- o último menino da Terra. Kamandi é um adolescente em uma Terra pós-apocalíptica [que a narrativa textual descreve como “Terra AD (Após Desastre)”], que foi devastada por uma calamidade misteriosa chamada de “O Grande Desastre”. Após “O Grande Desastre”, os seres humanos foram reduzidos à selvageria em um mundo governado por animais inteligentes e evoluídos. Onde já vi isso? Certamente Planeta dos Macacos foi uma grande inspiração.

Alguns grupos isolados da humanidade sobreviveram em bunkers subterrâneos, chamados “Comandos”, enquanto outros rapidamente regrediram para uma pré-selvageria tecnológica.