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Abraço de afogados

Ex-prefeito de Natal submete-se à vontade de governadora que faz mal ao RN em troca de seu questionável apoio para o Senado e se trandforma em objeto de chacota popular.

*Franklin Jorge

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Em conversa em uma roda de jornalistas da velha guarda, questionava-se a transformação pela qual tem passado, nos últimos meses, o ex-prefeito de Natal, antes um homem terrivelmente cordato e simples, e agora, movido pelo desejo de se tornar o “senador de Fátima”, um político que fede a enxofre.

Parece-nos que, ao incorporar o seu Duplo, deu margem a que seus adversários e antigos correligionários viessem a chamá-lo debochadamente de “Camarada Carlos”, apodo que lhe  foi pespegado por um blogueiro falastrão que parece carregar doze reis na barriga. De fato, o ”Camarada Carlos” atual não guarda senão uma vaga semelhança com o velho Carlos Eduardo que surgiu como uma promessa de liderança, infelizmente abortada por um excesso de confiança que o está arrastando para o fundo do poço, no conceito dos norte-riograndenses; sobretudo daqueles norte-riograndenses que em boa hora abriram os olhos para realidade e não querem mais comer gato por lebre.

Agora, objeto de tantas transformações, passeia entre nós o filho de Agnelo como uma alma penada à procura de rezas. Confesso o meu desgosto de testemunhar e ver o ex-prefeito de Natal, derrotado em 2018 em sua pretensão de tornar-se o regente do Executivo, suplicando à governadora a sombra de um mandato de senador pelo amor de Deus. De fato, dá-nos pena vê-lo finar-se assim, dependendo da boa vontade de alguém que por sua vez não está boa das pernas, a julgar-se pela repercussão de sua má administração detectada em todos os segmentos, da Educação à Segurança, da Saúde à Cultura, da Infraestrutura à Agricultura e terrivelmente aos demais setores da máquina pública.

Em seu desespero, Carlos Eduardo tem se tornado até agressivo, exibindo um aspecto de seu caráter que desconhecíamos. O homem está uma caixa de traques. Explode por qualquer dê-me cá aquela palha. Sem dúvida o Camarada Carlos não é seguramente o mesmo Carlos Eduardo que aprendemos muitos de nós a admirar e a querer bem, a ponto de alçá-lo à condição de primeiro eleitor de Natal. Sim, confesso que dói vê-lo finar-se assim, chacoteado e repelido pelos moradores da casa que ele deseja habitar.

Dói-nos sobretudo constatar que em sua confusão que lhe falta discernimento para entender que sua hora passou no momento em que ele podia ter-se levantado em defesa do nosso povo contra a má qualidade deste governo e de uma governadora, apesar de mal avaliada e repudiada por norte-riograndenses, se faz de difícil, protelando, adiando, negando-se a dar seus anéis para serem beijados, humilhando-o até o penúltimo momento.

Curioso em tudo isto é o fato de ser o apoio da governadora terrivelmente questionável. Considerada uma péssima gestora, pilotando um governo sem crédito junto à opinião pública, e prestes a ser indiciada em desvio de recursos apropriados pelo famigerado Consórcio Nordeste, não parece qualificada para ajudar ninguém, se ela própria precisa de ajuda, senão de um tribunal amigo ou da benevolência ou complacência do eleitorado. Fátima Bezerra e Carlos Eduardo são a rigor dois desesperados em razão do descrédito popular.