*Franklin Jorge
Sem obra nem distinção intelectual, Armando Holanda elegeu-se para a Academia Norte-riograndense de letras, que vem se transformando com o tempo em um reles clube recreativo de subliteratos – as exceções são raríssimas, mas insuficientes para garantir-lhe valor e credibilidade.
Armando Holanda, político hábil e destituído de mérito, morrerá completamente quanto bater as botas, venceu um dos maiores escritores e dramaturgos contemporâneos, nascido em Macaíba, Racine Santos, merecedor de aplausos e reconhecimento por sua obra dramatúrgica, e, por último, ficcional que lhe engrandece o nome e dá à sua pequena cidade natal um prestígio inolvidável. Enquanto Armando se pavoneia no lamaçal da mediocridade, a obra de Racine, certamente, crescerá com a passagem do tempo. Seja por ser única. Seja por esbanjar talento. Talvez seja o último grande dramaturgo do nosso tempo, continuador à sua maneira de uma tradição criada por Ariano Suassuna, seu mestre e admirador.
Em qualquer instituição que valorizasse o mérito e reconhecesse a virtude do talento, Racine Santos teria lugar assegurada sem precisar pedir votos. A prova está na vitória apertada da Armando, um estranho no ninho das letras. Se houvesse um mínimo de compostura e discernimento, a própria Academia decretaria três dias de luto pela eleição de Armando Holanda. Com bandeira a meio-pau.