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Alexandre, o Grande, e o “nó Górdio”

de Navegos recorre a um fato mítico para discutir e esclarecer a conflituosa e conflitante situação que marca a vida brasileira e o faz citando Alexandre chamado O Grande, que prosaicamente desfez um no que incomodava, cortando-o com o fio de sua espada.

*Honório de Medeiros

Alexandre, o Grande, tinha duas opções: tentar desatar o famoso “nó Górdio” e, em o tentando, jogar as regras do jogo até então existentes, ou fazer como ele fez: criar novas condições através das quais fosse obtido um resultado aceitável.

Não houve hesitação. Com um golpe de espada o conquistador do mundo cortou o nó ao meio.

Colombo colocou a questão: como fazer para colocar um ovo em pé? Mais uma vez era necessário que as regras do jogo, como postas, fossem transcendidas. Caso contrário, o problema persistiria “ad aeternum”.

Ninguém conseguiu, mas ele mostrou como: quebrou o ovo e o colocou em pé.

Se você é convidado a entrar em uma situação na qual as regras do jogo estão definidas e as aceita tal e qual lhe foram apresentadas, do ponto de vista estratégico seu adversário está com a iniciativa e dita o ritmo da partida.

Não há como ser diferente. E essa vantagem é mais significativa principalmente porque a maioria das vezes foi ditada por especialistas, o que induz a crença de que devemos acreditar na própria derrota.

No mundo da política os atos e fatos acontecem como se todos os envolvidos estivessem jogando um jogo. Na realidade, é um jogo. Existem profissionais altamente capacitados nesse jogo, como em qualquer outro. Ele é tão duro, tão inclemente, tão complexo, que não é para qualquer um.

Em certas situações os perdedores de um determinado embate eleitoral em pouco tempo assenhoreiam-se da vitória do adversário. É quando o vencedor, embora vitorioso, cai no canto de sereia que seus adversários preparam e em pouco tempo está dançando a música que eles querem, no ritmo que desejam.

Pensemos bem: com a vitória eleitoral de Lula, o que as elites brasileiras perderam? Os tubarões financeiros internacionais deixaram de receber os mega juros da dívida externa brasileira? Os bancos deixaram de obter lucros estratosféricos? Os verdadeiros pilantras endinheirados estão pagando impostos ou na cadeia?

Agora concluamos: é ou não é verdade que Lula ganhou a eleição, mas os tubarões do capital financeiro é que continuaram no Poder?

A saída é agir como Alexandre, o Grande. Ou como Colombo.

Em casos assim, no concreto, se torna mais difícil realizar esse salto de qualidade. É preciso ser possuidor – o líder – de uma ideia de onde e como se chegar.

Guardando as proporções, é algo como uma revolução: o líder diria – não aceito que me imponham essas regras, por que o povo me elegeu para criar outras!

A verdade é que, no caso de Lula, por exemplo, ele não tem qualquer grandeza.

Deram-lhe as roupas de rei, mas em pouco tempo ficou provado que elas eram muito, mas muito maior que a maior das esperanças a seu respeito.

Ele apenas quis o Poder e sequer soube como mantê-lo decentemente. Lula poderia ter feito as grandes reformas que o Brasil clama há tanto tempo. Mas não. Optou, por um misto de esperteza de botequim misturada com filosofia de para-choque de caminhão, em apoiar uma única política pública consistente – o pagamento dos juros escorchantes da dívida externa.

Mostrou-se pequeno, muito pequeno. Tão pequeno que chega a ser ridícula sua forçada comparação com JK que, para o bem ou para o mal, ousou criar as regras do jogo.

Vamos ver o que dirá a história.