*Franklin Jorge
Grande causeur, senhor de uma conversa instrutiva e espirituosa, o escritor Américo de Oliveira Costa fazia-se ouvir, por mim, com um crescente encantamento. Qualquer coisa que dissesse, fazia-se admirável pela forma com que o dizia, naturalmente e sem pedantismo e sem o acicate e o pedantismo da superioridade intelectual.
Lamento não ter frequentado mais a sua biblioteca à Rua Mossoró, Tirol, onde me recebia e entre aqueles milhares de livros, conversava e distribuía um pouco dos muitos saberes que o distinguiam e faziam dele, aos meus olhos, um Mestre generoso e acessível à curiosidade insaciável daquele jovem – ávido de saber o que outros não sabiam.
Lembro-me, frequentemente, das nossas conversas matinais, quando eu o ouvia mais do que falava, exceto para instiga-lo a continuar falando, mais e mais, sobre a fortuna que amealhara de suas leituras e da experiência que adquirira em sua já dilatada existência.
Gostava de lembrar do tempo em que exercerá o jornalismo no Diário de Natal, onde comecei a ler e a aprender com os seus escritos de humanista dotado de vasta e profunda cultura que alimenta o talento e distingue o escritor autêntico. Afinal. como o disse Baudelaire, Mestre dos que escrevem, os livros nascem dos livros.