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Arletices e oportunismo descarados l

Fundador de Navegos sai em defesa da casa-grande do Engenho Guaporé, de importante exemplar arquitetônico de época reduzido a escombros pelo descaso e a inércia das autoridades do município e do estado e ao mesmo tempo exalta o admirável exemplo de um grupo de artistas do Ceará-Mirim.

*Franklin Jorge

Recentemente, convidado a participar do Grupo Guaporé, que se formou no Ceará-Mirim sob  a égide do artista plástico Francisco Vilela, um dos grandes valores culturais de nossa terra, senti-me no dever de retribuir à lembrança de meu nome por um conterrâneo meu, sugerindo ações que pudessem chamar a atenção para uma terra que tem a peculiaridade de ter doado à Cultura Brasileira nomes significativos, como o Madalena Antunes Pereira, Rodolfo Garcia, da Academia Brasileira de Letras; Edgar Barbosa, grande estilista e um dos fundadores da Academia Norte-riograndense de Letras, meu parente e um dos mestres que orientaram minhas leituras; Nilo Pereira, Gerardo Dantas, Júlio Gomes de Senna, Bartolomeu Correia de Melo, para registrar os nomes mais significativos que escreveram em prosa.

Tendo surgido com o propósito de chamar a atenção de todos para o descaso das autoridades locais e do Governo do Estado para a situação de miséria da casa grande do Engenho Guaporé, vítima de vandalismo que expõe o descaso e a indiferença de todos os locais, exceção da pequena brigada de artistas que ainda no ano de 2017 denunciou o fato e promoveu um ato que pretendia romper com o comodismo e a letargia, pintando o equipamento supostamente sob a guarda da Fundação José Augusto, autarquia que teria a responsabilidade de preservar e difundir valores culturais e históricos do Rio Grande do Norte, transformada com o tempo em mero cabide de emprego. Funcionava no local, pelo menos em teoria, o Museu Nilo Pereira; um museu sem acervo e sem as prerrogativas de uma instituição do gênero. Sequer contava com os serviços de um museólogo.

Este ano, informado por Vilela da real situação do Guaporé, abri as páginas de Navegos para reparar o descaso e a indiferença da imprensa local que durante todo esse longo lapso de tempo, entre 2017 e 2021, em nenhum momento se deu ao trabalho de levantar essa bandeira ou repercutiu todo esse admirável esforço de um pequeno grupo de artistas que os engrandece e nos faz crer que ainda há no Ceará-Mirim pessoas capazes de lutar por sua terra e seus valores históricos e culturais.

Confesso que me surpreendeu essa luta encabeçada por alguns que em 2017 formaram esse pequeno de quatro ou cinco artistas liderados por como Vilela, que sentia o desgosto de ver a cultura de sua terra aviltada pelo descaso e a inercia de quem devia dar o bom exemplo, como as autoridades e a imprensa local. Quando este ano tomei conhecimento da real situação do Guaporé, prontamente os apoiei e através desta publicação j, levando o próprio prefeito do Ceará-Mirim a aluir-se de sua cadeira e, na companhia de outros notáveis, como o presidente da Fundação José Augusto e representante do Conselho do Estado a ver com os próprios olhos um Guaporé em ruínas, saqueado e ignorado pelas autoridades em sua agonia.

[Continua amanhã]