*Franklin Jorge
A pobreza de liderança se faz notar, no pleito atual, pelas chapas que se vão formando sem nenhum critério, como fruto do oportunismo ou do medo de que o apoio popular não seja suficiente. Assim vimos a inclusão do vereador Igor Targino, da paludosa Macaíba, fazendo dupla com o candidato ao Senado, Rogerio Marinho. E o ex-prefeito do Assu, Ivan Junior, incrustado na chapa do candidato ao Governo do Estado, o ex-vice-governador Fábio Dantas. São exemplos desanimadores que expõem a um tempo a pobreza de lideranças e a falta de confiança de candidatos incapazes de se aperceberam que há um efetivo desejo de mudar da parte dos eleitores, o que fica evidente na eleição do Presidente Jair Bolsonaro, em 2018, do Baixo Clero aparentemente fadado ao fracasso eleitoral.
Duas escolhas, aliás, nos exemplos apresentados aqui, que não prenunciam nenhum bem. Imaginem, morrendo Rogerio durante o mandato ou renunciando a ele para disputar o Governo do Estado, em 2026, assumir Igor, inexpressivo vereador metropolitano em quem ninguém terá votado para o Senado… E Ivan Junior, excelente prefeito em seu primeiro mandato e em seguida transformado no Frankenstein administrativo que conhecemos e grande parte do povo assuense repudia…
A propósito, tenho notado, que o político em geral, apesar de acolitados portanto assessores e empresas de pesquisas, menosprezam as tendencias que se desenham como vontade do povo e insistem na repetição e na mesmice, ao buscar sombra em bananeira que já deu cacho e teve o mangará cortado.
Dói-nos ver, após derrotas acachapantes nas últimas eleições, políticos velhos e carcomidos de volta, em disputa por um mandato capaz de assegurar-lhes benesses e privilégios dos quais se sentem saudosos. José Agripino, que já supunha morto e enterrado, não em disputa de um mandato, mas articulando e negociando candidaturas, quando já devia estar desfrutando do justo ostracismo a que o povo o relegou em 2018, como prefeito de Natal, governador do RN e senador da República, quando teria enunciado seu canto de cisne. Nem falo do ex-senador Garibaldi Alves Filho, patético em sua luta para voltar ao proscênio da política provinciana.
Confesso a minha decepção e a de muitos que comigo comentaram tais escolhas sem noção. A impressão que resta, de tudo isto, resulta do esforço de mudar para que tudo continue a ser como é, sob os calcanhares de antigos caciques que se recusam a sair de cena.