*Alexsandro Alves
O nome Brasil vem por conta de uns dessabores provocados por um apelido colocado em José Medeiros ainda menino.
Na época ele era chamado de Nego Zé. Mas não gostava do apelido, porque branco, loiro e dos olhos claros. Então, Arnold Cabral, agrimensor do vale do Açu, resolveu mudar o apelido para Bala Brasil, uma marca de feijão que não cozinhava de jeito nenhum como relembra.
Mas de certa forma a imagem não mudou muito, já que o feijão era preto.
Porém gostou tanto do apelido que pediu para seu pai incorporar Brasil ao seu nome de batismo e assim foi registrado José Medeiros Brasil.
Sua estada no Açu, onde fez parte do elenco de uma peça teatral, já assunto de outro artigo, deu-se por questões inconfessáveis.
Ele foi expulso da escola em Currais Novos. Sabe, aquelas brincadeiras, que todo moleque tem, de ficar comparando e medindo o obelisco com os amigos? Então foi assim.
Numa dessas reuniões da garotada, porém, foi flagrado por uma mocinha que, espantada com a ruma de moleque com as calças arreadas, correu com as mãos na cabeça e resolveu contar para direção da escola.
Ninguém soube dizer se a mocinha estava assustada ou maravilhada. Mas com certeza, ela pode vislumbrar o paraíso futuro que a esperava. Com o coração palpitante, a pequenina desceu as escadas. Escadas que subira com crescente curiosidade, a vontade de saber, como insinua Foucault. E quando aquele arvoredo de garotos em flor perfumou o ambiente e se mostrou aos seus olhos, arregalados pela inocência poética da cena inteira, como uma boa moça de família, procurou abrigo de si mesma ao denunciar aquele poema livre para o rigor das métricas da direção escolar. Estava absolvida daquele desejo invasor não realizado, mas para sempre guardado. Porque, algumas vezes, a verdadeira inocência esconde uma culpa desejada.
Zé Brasil conseguiu vaga no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, em Açu. E foi lá que conheceu Franklin Jorge. E aquele ímpeto da outra escola, se transfigurou em arte.