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Asas de Redon

A atmosfera de sonho que a pintura de Odilon Redon instaura vista através de um de seus temas preferidos, o cavalo alado.

*Alexsandro Alves

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Um dos temas preferidos de Odilon Redon é Pégaso.

Redon foi um pintor francês, nascido em Bordeaux, em 20 de abril de 1840 e falecido em Paris, em 6 de julho de 1916.

Foi um destacado expoente do decadentismo e do simbolismo.

Pégaso é o cavalo alado de Belerofonte, que o domou com a ajuda de Atena. Nascido do sangue de Medusa, assim que foi decapitada por Perseu, que também o montou.

É símbolo da imortalidade e seu mito está ligado às maiores aventuras do panteão grego.

Uma das grandes cenas com Pégaso foi pintada por Redon em 1907, Pégaso e a Hidra:

 

 

Redon reinterpreta com muita liberdade o tema da morte da Hidra nessa tela. No mito, a Hidra é morta por Belerofonte montado em Pégaso. Na tela, Redon pinta apenas as duas criaturas mágicas, o herói não está presente. A predominância de cores intensas é uma das características do pintor, seu uso favorece mais a ideia onírica do que a narrativa de cunho mais realista.

A pintura abaixo é de 1900, novamente o tema Pégaso e Hidra. Na tela de 1907, a horizontalidade serviu para expandir o cenário e a proporção do cavalo alado. As cores vermelho e verde de Pégaso foram mantidas na versão de 1907, mas um detalhe chama a atenção: a expressão de Pégaso. Nessa versão de 1900, o cavalo não tem muita expressão na face; na de 1907, nota-se a força e o vigor do personagem, sobretudo pelo olhar e pela crina reforçada:

 

 

Musa sobre Pégaso, de 1900:

 

Novamente o artista subverte o mito e põe uma mulher montada no cavalo alado. Provavelmente uma subversão que é filha do seu tempo. A figura feminina foi crescendo em importância estética no século XIX. Não apenas na pintura, mas também em outras artes, por exemplo, no teatro de Frank Wedekind (O espírito da terra, de 1895; A caixa de Pandora, de 1904) ou de Maertelinck (Pelléas et Mélisande, de 1892, em que a figura feminina do título exerce função mais central do que seu cunhado e amante); voltando à pintura, também os pré-rafaelitas enalteceram, a seu modo, o aspecto feminino da mulher e a mulher.

Pégaso, de 1895, apresenta o cavalo alado solitário, mas em alerta:

 

embora que a tonalidade, com uma predominância de tons mais frios no cenário, sugira um momento mais ameno.

O Pégaso Negro é uma de suas telas mais espetaculares, semelhante àquela de 1907: