*Tadeu Arruda
Muita gente engana-se ao meu respeito.
Sou produto de duas famílias numerosas, não obstante, em constante desarmonia. Nunca fui tutelado por ninguém: logo cedo caí no mundo para ter meu próprio sustento.
Aos dezesseis anos de idade pedi ao meu pai uma grana para levar uma paquera ao cinema; diante da sua negação, criei logo vergonha na cara.
Levo uma vida tranquila; riqueza para mim é viver satisfeito com o que a vida me oferece.
Só eu sei os caminhos que palmilhei! Só eu sei as injustiças que sofri na alma, mas em momento algum baixei a cabeça.
A vida segue, tenho que deixar meu exemplo para os netos.
Em matéria de dar a volta por cima fui um verdadeiro acrobata. No amor fui vitorioso: sempre amei mais do que fui amado.
Fui abençoado por Deus. Tudo que a Ele pedi, recebi em dobro! O segredo foi pedir em silêncio, pois o barulho diminui nossas forças e irrita os ouvidos do Criador. esse, o segredo que guardo comigo.
Houve um tempo em que eu não tinha uma bicicleta para andar, como também houve um tempo em que o problema foi ter uma garagem para colocar meus carros.
Nada disso mudou minha personalidade. Sempre fui autêntico e verdadeiro. Algumas vezes tive que mentir, não para prejudicar, mas para ajudar.
Certa vez tive que mentir para ajudar a mim mesmo. Até hoje morro de arrependimento e sinto nojo dessa fraqueza.
Sou amante dos livros e com alguns naveguei no vasto mar da sabedoria e da experiência. Foi através deles que me alforriei dos grilhões dos preconceitos, da soberba. Trago no meu rosto um sorriso, não desenhado; esculpido, mas verdadeiro. Faço dele o tradutor dos meus sentimentos mais profundos, um elo permanente com as pessoas a quem quero bem e que fazem parte do meu mundo.