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Barthes e as dez razões para escrever

Por que escrever? Que motivações podem haver para tal exercício do espírito? Conheça dez rações para esse ato de transcendência, segundo Roland Barthes.

*Roland Barthes

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Como a escrita não é uma atividade normativa ou científica, não posso dizer por que ou para que se escreve. Só posso listar as razões pelas quais escrevo:

1) por uma necessidade de prazer que, como se sabe, está relacionada ao encanto erótico;

2) porque a escrita descentra a fala, o indivíduo, a pessoa, realiza um trabalho cuja origem é indiscernível;

3) colocar em prática um “dom”, realizar uma atividade diferenciada, fazer a diferença;

4) ser reconhecido, gratificado, amado, discutido, confirmado;

5) cumprir tarefas ideológicas ou contra ideológicas;

6) obedecer às ordens estritas de uma tipologia secreta, de uma distribuição combativa, de uma avaliação permanente;

7) agradar amigos e irritar inimigos;

8) contribuir para quebrar o sistema simbólico de nossa sociedade;

9) produzir novos significados, ou seja, novas forças, apreender as coisas de uma nova maneira, minar e mudar a subjugação dos sentidos;

10) por fim, e como resulta da deliberada multiplicidade e contradição destas razões, destruir a ideia, o ídolo, o fetiche da Determinação Única, da Causa (causalidade e “causa nobre”), e assim creditar o valor superior de uma atividade pluralista, sem causalidade, finalidade ou generalidade, como é o próprio texto.

 

O escritor