*Franklin Jorge
A Biblioteca Pública Dr. José Pacheco Dantas, uma das mais antigas do estado, completa 75 anos de funcionamento, a principio em vários locais até a mudança definitiva para a Rua Heráclio Vilar, em Ceará-Mirim.
Criada por iniciativa pelo prefeito Ângelo Pessoa, em 1945, recebeu a denominação de Dr. José Pacheco Dantas, médico, além de odontólogo e farmacêutico, nascido no engenho Guarani. Fez fortuna no Rio, a cidade deu o seu nome, merecidamente, à biblioteca que funciona em antigo e senhorial casarão. Me lembro que a frequentei diariamente quando funcionava nas imediações do Mercado Público, em rua lateral do Cinema a cuja inauguração compareci, mal-entrado em minha adolescência inquieta e fatigada.
Quando faleceu, seu filho adquiriu o casarão, que reformou e passou a acolher o acervo que formava a biblioteca particular do bem sucedido pai, cearamirinense que jamais esqueceu a sua terra. Sua memória foi assim homenageada de forma original que hoje ilumina o seu nome.
Quando ali se instalou, continuei a frequenta-la, em especial as obras raras – dentre as quais toda a obra de Henrik Ibsen com os famosos prefácios ensaísticos do Conde Prozór, húngaro que foi contemporâneo do nosso Ruy Barbosa, ao tempo em que fizeram parte da Corte de Haia.
Quantas horas deliciosas ali passei, no anexo onde por muitos anos Dr Canindé, dentista prático, atendia seus clientes. Dr. José Pacheco Dantas o Jornal Lux, serviço especializado de recortes de jornais publicados em todo o país. Interessava-lhe saber o que dizia a critica especializada sobre os autores potiguares. Assim pude ler, entre outros os comentários que o ferino e mais famoso critico brasileiro da época, Agripino Grieco, pai do diplomata Donatelo Grieco, escreveu sobre Homero Homem e Augusto Severo Neto, ambos desabonadores e que passavam uma imagem de provincianismo da nossa ainda paupérrima literatura potiguar. Não lembro o que ele disse sobre Augusto, pois lá se vão quase 50 anos desde que os li. Mas guardei na lembrança o que Grieco disse do autor de Canguaretama. A primeira sentença com que ele abria seu artigo pesava como uma lápide: “Homero Homem, nem uma coisa nem outra…”
Creio que dos prefeitos do Ceará-Mirim terão sido bons e cuidadosos com a Biblioteca Ruy Pereira Junior e Roberto Varela.
Abaixo, vídeo da atriz Ângela Vieira, saudando os 75 anos de criação da Biblioteca Dr. José Pacheco Dantas. Ouçamo-la: