*Max Fercondini
Escrever sobre Roberto da Silva e seu precioso livro _Jean Mermoz_ é conferir-lhes o respeito e a admiração dos quais os dois são merecedores. Seria impossível para mim separá-los nessa descrição da imagem que tenho de ambos. Descobri a incrível personagem através do texto e das palavras tão bem compostas a partir da minuciosa pesquisa de Roberto. Sua narrativa é digna de uma película épica do cinema mundial, a qual é projetada na nossa mente de maneira a confrontar fato e ficção sob o aspecto tão fora do comum da trajetória de Mermoz.
Entretanto, apesar do extraordinário, a história é real do início ao fim. As cartas trocadas entre Jean e os seus mais próximos conferem à obra o teor documental, ao mesmo tempo que definem claramente como pensava nosso herói, sendo ele o narrador definitivo de sua própria existência. Imagino o quanto esses ricos textos ecoaram na cabeça do autor brasileiro para que o mesmo pudesse traduzir, não só para a língua portuguesa, mas a sua visão da personagem.
Como piloto eu só posso dizer que fiquei admirado com a capacidade de Roberto da Silva em escrever sobre a arte de voar, com precisão técnica que ainda assim é capaz de nos fascinar. Roberto converge, com riqueza de detalhes, o ofício e o amor que Jean tinha pela aviação e vai além disso ao nos descrever nitidamente a personalidade do piloto francês e seu nobre caráter. Parece ao leitor que aqui vos escreve terem os dois bebido na mesma fonte ou que existe ainda mais simbiose entre a obra e seu criador.
Jean Mermoz, de Roberto da Silva, não é apenas para ser lido. Ele nos serve de estudo para entender o quão alto pode o espírito humano voar quando se tem a alma de um verdadeiro aviador. Por toda a sua dedicação e qualidade textual encontrada neste livro, podemos afirmar que Roberto e Jean coexistem na mesma casta dos seres privilegiados que merecem enxergar o mundo sob a perspectiva dos pássaros.
