*Renato de Medeiros Jota
O selo da Detective Comic vulgo DC que tratava da linha adulta da editora chamava-se Vertigo, responsável por promover ao estágio adulto os quadrinhos da Editora. Esse selo durante anos foi responsável pelas publicações mais inventivas e maravilhosas da empresa de quadrinhos. Muitas publicações que marcaram época como Monstro do pântano, Sandman, V de vingança, Piada Mortal, Cavaleiro nas Trevas, Orquídea Negra, Watchmen entre outras publicações fundamentaram uma linha séria das HQs e alargaram os limites do que poderia ser abordado em suas páginas. Todas essas publicações começaram sendo orquestrada na época, então editor Lein Wein (criador do Monstro do Pantano), e o selo depois criado pela editora, tendo a frente Karen Berger, depois de Wein ter deixado de ser o editor e passado para ela, na época sua editora assistente, a titularidade de editor.
No decorrer dos anos a linha Vertigo, sob a tutela de Berger, lançaram HQs revolucionarias ajudada por roteiristas e ilustradores fantásticos como Alan Moore, David Gibbons, David Loyd, Brian Bolland, Neil Gaiman, David Mackean, Frank Miller, Warren Ellis, Darick Robertson, entre outros maravilhoso quadrinhistas conseguiram revolucionar e mostrar que os limites dos quadrinhos eram bastante elásticos. Toda essa revolução oficialmente começa lá nos idos anos 90, tendo inaugurado o selo oficialmente a publicação Sandman de Neil Gaiman, antes dela as HQs como Monstro do Pântano e Camelot 3000 ainda não eram consideradas “adultas” oficialmente. Essas publicações durante anos foram a linha central que levaram as publicações da detective comics alcançarem sucesso e atrair a atenção de novos leitores para seus títulos. Depois de anos de sucesso, nos últimos cinco anos o leitor observou uma acentuada queda de qualidade nas publicações da linha vertigo. Alguns leitores e críticos de HQs comentam que isso se deve a mudança editorial da DC que tirou a então responsável por anos Karen Berger do selo. O fato é que mesmo com Berger o selo e suas publicações já vinham dando mostras de declínio. Então, vinte seis anos depois, a trajetória de sucesso acabou e findaram com o selo vertigo sendo substituída pelo selo Black Label, mas afinal o que isso?
A intenção da DC é renovar a sua linha adulta de quadrinho tendo um responsável pela linha criativa desse selo. Desse modo, por exemplo, Neil Gaiman fica responsável pela linha do Universo Sandman e Hellblazer, Joe Hill ficaria responsável pela linha de terror e assim outros responsáveis seguiam pelas publicações. Particularmente estou acompanhando só a linha do Unverso Sandman e Hellblazer sobre responsabilidade de Neil Gaiman e a qual acompanho. Dessa linha acompanho o Universo Sandman: Sonhar, Casa dos Sussuros, Lucifer e Livros da Mágia. Hellblazer é um caso a parte, inexplicavelmente não saiu no Brasil, espero que a Editora responsável pela publicações da DC no país traga o mais rápido possível essa publicação.
Primeiramente comecemos a falar de cada uma dessas HQs sob a responsabilidade do mestre de Neil Gaiman. O titulo O sonhar em que o novo Sandman, Daniel e os habitantes desse universo fica sob o roteiro de Simon Spurrier tendo a ilustradora brasileira Bilquis Evely como responsável, a outra publicação que falamos temos como Os livros da Magia tendo como responsável Kat Howard e tendo o ilustrador responsável Tom Fowler, A casa dos Sussurros com roteiro de Nalo Hopkinson e ilustrado por Dominike Stanton e a última publicada aqui no Brasil é Lucifer roteirizado por Dan Watters e ilustrado por Max Filmara.
As HQs desse selo Black Label buscam reaver o brilho perdido das publicações anteriores da Vertigo, mas das edições que estão dispostas até agora do selo Universo Sandman talvez a que chegou próxima da essência da Vertigo foi as edições Black label de Lucifer roteirizada por Dan Watters e Desenhada por Max Filmara. Essa edição na minha opinião vem se destacando de longe das demais, adoro o universo do Sonhar, Livros da Magia, A casa dos Sussuros, mas até agora não consegui ter empatia pelo que li do conteúdo dessas HQs, falta alguma coisa, profundidade, sensibilidade, um personagem carismático, talvez um pouco de tudo. Apenas Lucifer começa a dar indícios da essência das publicações da linha Vertigo. Acredito que para se chegar a níveis mais próximos dos encontrados na antiga Vertigo, seria as publicações aproximarem-se da linha contraventora ou revolucionária da maneira criativa das edições captaneada por Karen Berger.
O fato é que a linha Black Lebel ainda não conseguiu chegar ao nível da Vertigo em seu inicio. Realmente é difícil de atingir o grau de desenvolvimento criativo e de abordagem de temas tão revolucionário quanto os encontrados nas páginas da antiga Vertigo, principalmente, em seu inicio. Observo que a busca é válida, mas não importa mudar o nome de Vertigo, uma marca ou selo consagrado por uma nova nomenclatura Black Label se não vier acompanhada da criatividade e liberdade que sempre acompanhou o selo de 92. Penso que o motivo do declínio da Vertigo é simplesmente a mudança de foco das publicações e a falta de roteiristas e criadores revolucionários é o que ocasionou as baixas vendas e desinteresse das publicações. O desafio do selo Black Label é enorme e desafiadora, os demais autores e criadores tem uma liberdade parecida com o que se tinha na Vertigo (difícil não fazer a comparação), mas para se chegar a resultados semelhantes é difícil, já que o próprio selo Vertigo vinha decaindo na qualidade e capacidade de surpreender e criar histórias atrativas ao publico leitor. Já não tinham Mestres dos roteiros como Alan Moore, Neil Gaiman, Warren Ellis, Grant Morrison, D´Matteis, Mike W. Barr e outros.
Torço para que o selo Black Lebel consiga repetir ou se aproximar da revolução da Vertigo, gostaria pela nostalgia de não terem mudado de selo, a Vertigo sempre foi sinônimo de revolução mesmo com as péssimas publicações que tinha sobre o seu domínio. Mas os tempos são outros e não adianta, nós leitores saudosistas nos apegarmos a memória afetiva porque o que importa e a publicação e seu conteúdo e torço para que esse novo selo consiga ser bem sucedida.