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Carta a Sherlock Holmes

Colaborador de Navegos, escritor gaúcho assume a persona de Doutor Watson e escreve ao maior detetive de todos os tempos, Sherlock Holmes.

*Cleber Pacheco

 

Caro Holmes,

Sei que neste exato momento encontra-se terrivelmente ocupado com um dos casos mais intrincados de sua vitoriosa carreira detetivesca. Talvez eu devesse abster-me de enviar esta missiva, deixando tal coisa para o momento em que você estivesse num daqueles seus períodos de relaxamento com o seu violino.

Todavia, creio sinceramente ser mais frutífero o resultado da leitura desta minha mensagem justo agora, quando se encontra mergulhado em tão desafiadora tarefa. Almejo efetuar uma confissão e faço-a: nunca cheguei a compreender os seus métodos, nem como conseguia descobrir que uma pessoa fumava e qual a marca do charuto.

Jamais descobri qual o modo do funcionamento da sua prodigiosa mente. Nunca cheguei a alcançar os píncaros da sua inteligência, reconheço. Reconheço, também, minhas limitações. No entanto, sinceramente, creio ter perdido, de fato, as pistas do seu desempenho mental na primeira vez que não o reconheci em um dos seus extraordinários disfarces. Desde então tornou-se inevitável o desencontro. E agora sei que terei de investigar a mim mesmo para poder reencontrá-lo. Se um dia eu conseguir.

Watson.