*Franklin Jorge
Importante contribuição do Prof. Gerinaldo Moura da Silva ao conhecimento e divulgação da história esquecida do Ceará-Mirim, terra rica que tem sofrido nas mãos de governantes hostis a valores fadados ao desaparecimento. lembro-me do quanto insisti junto ao ex-prefeito Roberto Varela, em vários de seus mandatos, para que se detivesse sobre o estudo destas questões. Certa vez ele chegou a dizer-me, “que tem o Ceará-Mirim? Só ruínas”. em uma conversa noturna em minha casa à Rua Bolívar. Respondi que o mundo civilizado vivia de ruínas e da exploração de ruinas, de que seriam exemplo cabas a Grécia e a Itália.
Folguei quando da vinda da Missão Portuguesa esteve no Ceará-Mirim, anos depois, e o presidente do Conselho de Vagos, após um passeio pelas ruínas de engenhos, declarou, em seu gabinete na Prefeitura do município que Vagos, terra pobre, seria riquíssima se tivesse em seu território as ruínas que tem o Ceara-Mirim. Por isto, só por isto, ao visitar oficialmente Vagos algum tempo depois, pediu-me Roberto Varela que escrevesse três discursos que ele proferiria lá, em Portugal, o que fiz com muito gosto, procurando irmanar as duas terras e engrandecer os laços de amizade que passaram a unir o Rio Grade do Norte e a velha província portuguesa..
Por uma questão de justiça, devo lembrar aqui, em memória, o prefeito Orione Barreto, que acompanhava minha colaboração jornalística na Tribuna do Norte e que, antes da sua posse no cargo maior da administração pública no Ceará-Mirim, procurou-me para oferecer o cargo de Secretário de Cultura e Turismo do município, certo de que eu saberia tirar proveito dessas potencialidades. Porém no dia seguinte à sua visita e convite inesperado eu estaria viajando para a Amazônia, onde vivi durante cinco anos
De todos os prefeitos do Ceará-Mirim, foi o único dos que conheci que teve essa visão extraordinária, intentando criar novas alternativas de riqueza e desenvolvimento. Creio que, se não tivesse morrido tão cedo, em pleno mandato, teria colocado o Ceará-Mirim nas trilhas do progresso, tirando proveito de suas potencialidades, restituindo-lhe a antiga grandeza através a exploração do Turismo Cultural.
A verdade é que, historicamente, a cultura do Ceará-Mirim não tem efetivamente despertado o interesse dos governantes, em geral intelectualmente limitados e escravizados aos seus pequenos interesses. Uma prova disto é a ruína em que se transformou o Museu Nilo Pereira, instalado no antigo engenho Guaporé, aliás sem acervo e sem nenhuma representatividade, fruto de mero ato administrativo desprovido de pensamento. Uma vergonha para o povo do Ceará-Mirim que condescende há anos, com tamanha ingerência e absurdidade.
Espero que artigos como este, aqui publicado sob a assinatura de Gerinaldo Moura da Silva, possam contribuir para a implantação e direcionamento de uma nova visão