*Nadja Lira
Mateus 15:14 Deixai-os! Eles são guias cegos guiando cegos …
Chamamos de costumes, a forma de pensar, agir e de se comportar de um povo em determinadas situações. Os costumes também podem ser classificados como a maneira cultural pela qual uma sociedade ou um grupo de pessoas se expressa. Por haver recebido inspiração de vários povos, o Brasil é detentor de uma variedade de costumes, todos graças às influências recebidas dos imigrantes que trouxeram para cá, sua forma de viver em sociedade.
Alguns destes costumes vindos das diversas nações espalhadas pelo mundo à fora, parecem estranhos para nós e para outros que não os praticam. Na China, por exemplo, as pessoas têm o hábito de arrotar após uma refeição. Esta prática, que para nós brasileiros corresponde à uma enorme falta de educação, para eles é a maneira de demonstrar à cozinheira, o quanto sua comida estava deliciosa e também uma forma de agradecimento pela comida.
Na Inglaterra, nada pode ser mais valorizado do que a pontualidade. Para os ingleses, a pontualidade é tão importante, que até existe uma história para realçar tal prática: ela diz que quando dois ingleses marcam um encontro, eles costumam chegar pontualmente 15 minutos antes do horário marcado.
Na Argentina, os turistas são muito bem tratados nos restaurantes, desde que não esqueçam de pagar a tradicional Propina (gorjeta), para os garçons. Esta é uma prática tão importante, que eles jamais esquecem o rosto de um cliente que lhes tenha pago uma propina bem polpuda. Nos EUA trabalhadores também cultivam o hábito da gorjeta. Para eles, receber gorjeta significa respeito pelo seu trabalho.
No Brasil não temos estas práticas tão registradas. O brasileiro é mais conhecido por sua amabilidade, hospitalidade e alegria. Somos conhecidos, especialmente, por nossa capacidade de nos reinventarmos. Não existe dificuldade capaz de deixar um brasileiro no chão por muito tempo. O grande mestre Câmara Cascudo foi profundamente criativo quando definiu o brasileiro com uma frase: Sou brasileiro e não desisto nunca.
Nosso País, porém, enfrenta um grande problema: jamais valoriza a prata da casa. Dificilmente se vê um brasileiro sendo elogiado e se destacando no seu bairro, na sua cidade, no seu Estado e no seu próprio País, por ter realizado um grande feito. O grande professor Cassiano Arruda Câmara cunhou uma frase, que retrata muito bem a maldade e a inveja encravada na alma da maioria do povo potiguar: Nesta Terra de Poty alguém é capaz de gastar 20 mil reais, para impedir que o outro ganhe míseros dois mil reais.
Tal assertiva pode muito bem ser aplicada ao trabalho do jornalista, escritor, artista plástico e editor da Revista Navegos, Franklin Jorge Roque, também conhecido como o Príncipe das Letras, graças ao seu profundo conhecimento e facilidade no trato das palavras. Apesar de ser um mestre na arte da escrita, com vários livros publicados e outros esperando o momento de dar o ar de sua graça, Franklin Jorge é um sujeito perseguido pelo simples fato de não ser um “babão juramentado”.
Franklin Jorge é, na minha visão, tudo aquilo que um jornalista obrigatoriamente deve ser: culto, isento e crítico. Embora seja apaixonado por esta Terra Potiguar e berço do mestre Câmara Cascudo, sofre na pele as agruras por viver e amar uma terra de cegos. É hercúlea as dificuldades com as quais ele sobrevive para defender suas ideias e seus ideais, bem como para manter circulando sua Revista Navegos.
A cada dia é perseguido de alguma forma. Uma hora é ameaçado de morte, outras vezes tem sua página invadida por hackers, outro dia é atacado porque edita um veículo reconhecido por sua pluralidade de pensamento. Ora bolas, mas não é justamente esta forma plural da expressão do pensamento, onde reside a essência profunda do jornalismo? .
Sou colaboradora da publicação, o que para mim é um prazer e uma grande honra, mas confesso sentir-me incomodada por ver a forma pela qual determinadas pessoas se veem no direito de interferir na autonomia dele, enquanto editor. Sentem-se no direito de ditar o que pode e não pode ser editado. Já chegaram ao ponto de pedir a “cabeça” de alguns colaboradores, inclusive a minha, e eu nem fazia ideia de que ela estava a prêmio.
As pessoas precisam entender que o mundo só é bonito devido a infinidade de cores que o rodeia. Não consigo imaginar o mundo pintado com uma única cor. Logo, é justamente a diversidade de ideias que tornam a leitura da Navegos mais interessante. Nela existem textos para todos os gostos. Basta escolher aquele que mais lhe apetece
Apesar de tudo, a revista vem recebendo grandes elogios graças à diversidade de leitores que a acessam e cujas mentes são abertas e ilimitadas para a pluralidade de ideias divulgadas na publicação.
Da minha parte garanto que, enquanto puder manter minha cabeça pensante sobre os ombros, continuarei a escrever para a Navegos expressando minhas ideias críticas àquilo que considero errado, corrupto e injusto. Respeito os que pensam diferente de mim e lamento sua postura. Mas àqueles que têm paciência para ler meus textos e àqueles que gostam deles e até elogiam, expresso o meu agradecimento, porque, nada pode ser prazeroso para quem escreve, do que receber um elogio de quem lê. Vamos, portanto, divulgar a Navegos. Afinal é um dos poucos veículos com coragem suficiente de publicar tudo aquilo que o povo precisa saber.
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa