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Centenário de 22, pois bem…

Colaborador de Navegos expõe a figura controversa de Oswald de Andrade e o espírito burlesco da Semana de Arte Moderna.  

*Alexsandro Alves

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Em seu livro “O 18 brumário de Luís Bonaparte”, Karl Marx afirma que: “na História os eventos ocorrem duas vezes: na primeira vez como tragédia, na segunda, como farsa”.

O Brasil é pródigo em transformar seriedade em comédia ou em farsa. Mas nem sempre foi assim. Imagino, e quero acreditar, que já houve homens que pensaram este país de maneira séria e não jocosa ou espalhafatosa.

O problema é o espírito de 22.

No início do século XX, a Europa foi palco de movimentos estéticos contestadores e radicais. Dadaísmo, cubismo, futurismo e surrealismo, avançavam contra modelos anteriores nas artes e descortinavam uma arte com expressão própria para uma era de esperanças frustradas pela Grande Guerra. Evidente que havia humor. Porém não apenas isso e nem sobretudo isso.

O problema é quando estas ideias chegam ao Brasil. Talvez se tivessem chegado por meio de pessoas mais sérias e mais capazes, não teriam se transformado na balbúrdia que foi a Semana de 22. A partir daí, o Brasil mergulharia em uma Sapucaí estética: muito deboche, muito riso e muita fantasia!

Arlequinal.

Mas não podia resultar em nada diferente: seu principal mentor, um indivíduo com talento apenas para a autopromoção, longe de ser um grande poeta ou escritor, banalizou o riso e o escracho, e como isso fez mal ao Brasil: em todas as áreas da vida desse país o que impera é o deboche. Isso foi aos poucos: primeiro com a arte, depois com a política e por fim, hoje, com a educação. O espírito de 22, debochado e oswaldiano, apequenou o Brasil. Transformou o país em uma gigantesca festa carnavalesca.

Por que é difícil enxergar isso? Antes de 22 havia respeito pelo fazer artístico e literário. Homens como Machado de Assis, por exemplo. Depois dos acontecimentos do Municipal em fevereiro de 22, pouco a pouco, a festa carnavalesca, cheia de risos escancarados, faria o Brasil ser visto e mesmo ser reconhecido, como um país teatro de revista, como um país chanchada, Sapucaí. Carmem Miranda frutada cheia de olhares, de gestos e de bocas made in Brazil. Isso é o Brasil?

Eu não me conformo.

O mentor maior de 22, Oswald de Andrade, sempre foi menor e mentiroso: pagou várias pessoas para que jogassem tomates nele, durante sua apresentação na Semana de 22. O objetivo, óbvio, era mostrar que ali estava o mais revolucionário dos modernistas. Tudo encenação. Tudo carnaval. Tudo deboche. Mas isso frutificou na cultura, na política e na educação brasileira.

Quem poderia prever isso?