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Cidade dos homens vs. cidade de Deus

Uma sinfonia de sinos marca a comunhão com Deus em uma pequena cidade brasileira. Os sinos são convites à reflexão e à comunhão. Despertam nossa espiritualidade e nos lembram de nossa origem divina.

*Abraão Gustavo

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Em uma pequena cidade, um sino de igreja que ecoava seus sons pela pacata paisagem. Eu, como morador daquela localidade, tinha o privilégio de ouvir aquela melodia todos os dias. O som do sino era como um chamado celestial, despertando em mim sentimentos profundos de conexão espiritual.

A igreja, dedicada a Santo Agostinho, era o coração da comunidade. Ali, as pessoas se reuniam para celebrar a fé, buscar conforto nas horas difíceis e compartilhar momentos de alegria. O sino, em seu toque, anunciava o início de cada missa, convidando os fiéis a entrarem e se unirem em oração.

Aquele sino, no entanto, transcendia sua função pragmática. Para mim, ele representava mais do que apenas o início de um ritual religioso. Era um lembrete constante da presença divina em nossas vidas e da busca pela eternidade com Deus.

Recordo-me de um trecho da obra “Cidade de Deus”, escrita por Santo Agostinho, em que ele discute a diferença entre a cidade dos homens, marcada pela busca de prazeres materiais e passageiros, e a cidade de Deus, onde a verdadeira felicidade reside na comunhão com o divino. O sino da igreja simbolizava essa conexão, convidando-nos a refletir sobre o propósito maior de nossas vidas.

A cada badalada, sentia-me transportado para além das preocupações mundanas, lembrando-me de que existia algo maior, algo eterno, aguardando por nós. Naqueles momentos, eu me sentia parte de algo grandioso e imortal.

O sino seguia tocando em seu ritmo constante, pontuando os dias com sua melodia inconfundível. Às vezes, era suave e gentil, como uma brisa acariciando o rosto. Em outras ocasiões, era enérgico e vigoroso, como se estivesse nos lembrando da urgência de buscarmos a Deus em todos os momentos.

Anos se passaram, e embora a cidade tenha mudado, a igreja permaneceu como um farol de esperança. O sino continua a tocar, entoando sua canção em louvor a Santo Agostinho e à busca incessante pela eternidade com Deus.

E assim, enquanto eu caminho pelos dias da minha vida, carrego comigo a memória das badaladas daquele sino. Elas me lembram da importância de cultivar minha fé, buscar a sabedoria nas palavras dos santos e ansiar pela eternidade com nosso Criador. Pois o sino da igreja, em sua singela voz, sussurra ao nosso coração a promessa de um amor que transcende o tempo e nos conduz à eternidade.