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Coisas que o povo diz

Ausente de nossas páginas a algumas semanas, a professora e poetisa Adalgisa Assunção dar o ar de sua graça e recorre à sabença popular para enquadrar e seus políticos na categoria dos casos perdidos.

*Adalgisa Assunção

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As conversas entabuladas pela avó materna eram ricas em ditados populares, das quais só hoje percebo a riqueza filosófica que elas encerram. Ela costumava dizer, por exemplo, “que Deus dá o frio conforme a roupa”, ou “quem não pode com o pote que não pegue na rodilha”, ou ainda “quem nasceu para cangalha jamais chegará a ser uma sela”, e outras frases do gênero as quais ficaram marcadas na minha memória.

Hoje já adulta e mais afeita ao sentido que tais frases encerram, dou-me ao luxo de acrescentar outras, ao repertório da minha avó. Desse modo, também tenho cunhado algumas frases e, assim como a minha avó, espero poder deixa-las para a posteridade.

A principal delas refere-se a Cidade do Natal, Capital do Rio Grande do Norte. A cada vez que olho para a cidade que teve a honra de abrigar o grande mestre Câmara Cascudo, não posso evitar o pensamento que me vem à cabeça: Natal é uma província pensando que é metrópole. Por outro lado, também penso que se não fosse a mediocridade que impera entre seus governantes, Natal poderia ser uma das mais prósperas capitais do País, especialmente na área do Turismo.

A cidade que leva o nome de Natal teria tudo para ser um polo turístico natalino durante o ano inteiro, a exemplo do que ocorre em Gramado, onde tudo é fabricado, produzido com o objetivo de atrair a atenção de turistas do mundo inteiro. O problema é que, em Gramado, diferentemente de Natal, o povo e o poder público se uniu para transformar a cidade num grande gerador de trabalho e renda. Aqui, nosso poder público apenas esbanja dinheiro e usurpa o quanto for possível, o dinheiro do povo.

Os vereadores de Natal, legítimos representantes do povo, passam duas ou mais legislaturas sem apresentar um único projeto que contribua de alguma forma, para melhorar a vida da população. Quando o fazem, dá até vergonha de se falar a respeito. O vereador Maurício Gurgel, por exemplo, instituiu o dia 26 de abril como o Dia do Cão Guia, projeto que foi aprovado em primeira instância. Nada contra o cão guia, que inegavelmente presta um relevante serviço a seu dono, mas instituir um dia para o animal, é muita falta de criatividade enquanto lhe sobra vontade de aparecer.

Aliás, o nível de uma boa parte dos vereadores com assento na Câmara Municipal da Cidade do Natal, é de fazer vergonha a qualquer cidadão de bem e que tenha um mínimo de educação. No plenário não existe conversa, diálogo ou discussão produtiva, argumentação em defesa de ideias. Existe agressão verbal, impropérios, insultos, ofensas. Falta pouco para que as excelências partam para a agressão física.

Qual é o prazer que um cidadão pagador de impostos pode ter em assistir a um pronunciamento na casa do povo, se boa parte dos seus representantes legais, não têm condição para elaborar uma frase simples, que contenham um sujeito, um verbo e um predicado? Deve-se aqui, resguardar as devidas exceções, é claro. Também vale ressaltar, que o papel de um vereador é, além de ser a voz do povo das comunidades que o elegeu, o de fiscalizar as ações do prefeito. Aqui em Natal, porém, estas atribuições só existem mesmo no papel.

O prefeito de Natal, Álvaro Dias, vem se negando terminantemente a respeitar a lei que garante o pagamento do piso salarial dos professores, mas os vereadores se fingem de mortos em relação ao assunto. Na Câmara Municipal reina um silêncio de catacumba em relação a este assunto. Por que será eles têm tanto medo de professor? Nem mesmo a voz da vereadora Eleika Bezerra, que pertence à categoria, se faz ouvir.

O pior é ver que em Natal e em todo o Rio Grande do Norte, os cargos políticos são iguais às Capitanias Hereditárias e como tal, passam de pai para filho, como é o caso do ex-vereador Adão Eridam, que passou sua cadeira para o filho. Os cargos também são repassados entre irmãos, conforme ocorreu com o ex-vereador Aquino Neto, que impossibilitado de voltar ao cargo, elegeu o irmão. O mais curioso é o caso de Júlio Protásio, que acusado de ser membro na Operação Impacto, deixou ocupando sua cadeira. a esposa, Ana Paula.

Ana Paula é uma parlamentar que enche o saco até de quem não os tem. Na falta do que fazer, passa o dia com um carro de som enchendo a paciência da população residente na Zona Sul, falando das verbas que através de seu empenho, foram disponibilizadas para a recuperação de uma praça no Conjunto Pirangi. Até parece que a região não tem outros problemas a serem resolvidos, como a falta de segurança, por exemplo.

A nobre vereadora esquece, que em tempos de Pandemia provocado pelo Vírus da China, a paciência da população chegou a nível zero. Logo, ao invés de fazer propaganda por causa de uma bendita praça, seria melhor ela fazer algo para melhorar a iluminação da região e, em conjunto com a Polícia encontrar meios para reduzir a quantidade de roubos e assaltos no bairro de Neópolis. Afinal, o salário que o povo lhe paga por sua atuação é bastante gordo.